Trabalhadores tem feito turnos extras para produzir tijolos que serão usados na reconstrução de muitos prédios no país| Foto: NARENDRA SHRESTHA/EFE

Milhares de casas centenárias poderão ser demolidas em cidades históricas do Nepal agora que o governo inicia o longo processo de derrubada de prédios considerados inseguros por causa dos danos no terremoto de 7,8 graus no mês passado.

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Mais de 600 templos, estátuas e museus em todo o país foram danificados no terremoto mais letal de que se tem registro no Nepal, incluindo a Torre Dharahara, de cerca de 62 metros, em Kathmandu, que foi construída em 1832 e desmoronou.

O governo se comprometeu a restaurar os monumentos danificados, um atrativo para os turistas estrangeiros. Mas centenas de casas particulares que as autoridades considerem em risco para os transeuntes em Bhaktapur, uma das várias cidades medievais afetadas pelo terremoto, podem sofrer demolição, levantando temores entre os conservacionistas de que o patrimônio do Nepal será perdido na pressa da reconstrução.

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“Os prédios que constituam um risco para os outros vão ser postos abaixo”, disse o administrador-chefe do distrito de Bhaktapur, Anil Kumar Thakur. “Se os proprietários não desmantelá-los por conta própria, vamos colocá-los abaixo.”

Fundada no século 12 e listada como patrimônio mundial da Unesco, Bhaktapur agora está repleta de monumentos em ruínas. A poucos metros do templo Dattatreya, do século 15, um dos mais antigos em Bhaktapur, o Exército já começou o trabalho de demolição nas ruas estreitas que serpenteiam a cidade.

No domingo, cerca de dez militares e policiais chegaram à casa de tijolos de Bhagawati Dev e começaram a colocá-la abaixo, usando uma corda amarrada em cima do topo do prédio. Mais tarde, pararam, percebendo que iriam danificar casas vizinhas que ainda estavam intactas e destruir as esculturas em madeira na janela, de 300 anos.

“Vivi naquela casa desde que me casei”, disse Dev. “Quando eles tentaram puxá-la para baixo o meu coração se partiu, e eu chorei. Essa era a única coisa que eu tinha.”