O prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, convocou para o dia 23 de janeiro a oposição política venezuelana para uma manifestação contra as medidas econômicas do governo do presidente Hugo Chávez, que na sexta-feira passada desvalorizou a moeda local, o bolívar, em 63,7% frente ao dólar. As informações são do jornal venezuelano El Universal. A convocação do protesto recebeu o apoio do deputado Ismael García, do partido Podemos, e de Henry Ramos Allup, secretário-geral do partido Acción Democrática (AD), ambos da oposição.

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Também nesta terça-feira, o governo da Venezuela anunciou que suspenderá o fornecimento de energia elétrica durante quatro horas a cada dois dias em todo o país, como uma ação que intensifica os racionamentos de eletricidade em meio à crise energética. O anúncio dos detalhes do racionamento poderá aumentar o descontentamento da população, já atingida pelos efeitos da crise econômica.

O prefeito de Caracas disse que o descontentamento dos venezuelanos é cada vez maior com a situação econômica. "Esse é um governo que aplica medidas de desvalorização para empobrecer justamente os mais humildes", afirmou Ledezma.

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García criticou o desempenho dos dez anos do governo Chávez na economia. Segundo ele, "os investimentos privados, que estavam em 4,7% em 2004, caíram a 1,3% no final de 2009, quase no chão, enquanto o investimento estrangeiro, que foi de US$ 4,9 bilhões em 2008, caiu para menos de US$ 2,4 bilhões em 2009, quer dizer, foram embora da Venezuela". Segundo ele, atualmente os empresários venezuelanos "se encontram chantageados pelo poder Executivo", principalmente "pela PdVSA e outros organismos do Estado".

O ministro de Energia da Venezuela, Angel Rodríguez, informou em entrevista à emissora estatal de televisão que com a queda da vazão da represa de Guri, cuja hidrelétrica é a principal geradora de eletricidade do país, o governo fará um "racionamento de quatro horas a cada dois dias".

A represa de Guri, no Estado de Bolívar (sudoeste venezuelano), alimenta as hidrelétricas de Guri, Caruachi e Macagua, que geram 73% da eletricidade consumida pela Venezuela. O governo afirma que a situação de seca no país se agravou em 2009 e começo de 2010 por causa do fenômeno climático El Niño. Javier Alvarado, presidente da estatal Electricidad de Caracas, defendeu o racionamento, ao assinalar que o objetivo é fazer frente a um "déficit de energia de 12%" no país.

Fechamento de lojas

Os militares da Venezuela fecharam 70 lojas na segunda-feira, incluindo um supermercado ligado à rede varejista francesa Casino. A medida foi aparentemente em cumprimento à ameaça de fechar negócios que aumentassem os preços, após a forte desvalorização da moeda local.

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O governo do presidente Hugo Chávez pediu à Guarda Nacional que fechasse as lojas por supostas "irregularidades", segundo a agência estatal ABN. Uma filial de Caracas do supermercado Exito, ligado à rede francesa Casino, havia sido mais cedo fechada por 24 horas, por supostamente remarcar os preços ilegalmente.

As notícias foram divulgadas no momento em que venezuelanos correm para supermercados com as prateleiras vazias de itens como televisores, geladeiras e outros. Com o novo câmbio, produtos como esses devem subir bastante no país, caso sejam importados.

Na sexta-feira, Chávez anunciou que a moeda será cotada a 4,30 bolívares para cada dólar para produtos "não essenciais" - o dobro da taxa até então em vigor. Para itens básicos, a taxa oficial será de 2,60 bolívares por dólar.

O líder esquerdista advertiu no domingo que qualquer especulação com os preços levaria ao fechamento de negócios. Também pediu à Guarda Nacional que ajudasse no combate aos aumentos.

"Para esses senhores, vamos chamá-los saqueadores do povo...Se eles querem, vão em frente e o façam, mas nós tomaremos seus negócios e os entregaremos aos trabalhadores", ameaçou Chávez em seu programa semanal de rádio e TV, "Alô, Presidente".

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