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Diplomacia

Premiê britânico é criticado por declaração controversa

“O inimigo real da UE é a rejeição em aceitar uma nova maneira de ver as coisas. Precisamos de uma maior competitividade, mais flexibilidade e uma maior capacidade de adaptação.” -David Cameron, primeiro-ministro britânico. | Suzanne Plunkett/Reuters
“O inimigo real da UE é a rejeição em aceitar uma nova maneira de ver as coisas. Precisamos de uma maior competitividade, mais flexibilidade e uma maior capacidade de adaptação.” -David Cameron, primeiro-ministro britânico. (Foto: Suzanne Plunkett/Reuters)

A promessa de David Came­ron de realizar um referendo sobre a saída do Reino Unido na União Europeia (UE) gerou uma onda de críticas de outros membros do bloco, incluindo França e Alemanha.

Enquanto a chanceler alemã, Angela Merkel, foi mais contida, defendendo uma negociação justa com os britânicos, o chanceler francês, Laurent Fabius, deu uma resposta irônica.

"Se o Reino Unido quiser sair da União Europeia, nós vamos estender o tapete vermelho para eles", disse Fabius, citando uma conversa que teve com um empresário britânico.

Em declaração mais cuidadosa, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que gostaria pessoalmente que o Reino Unido continuasse no grupo, mas que a necessidade de outros países nas negociações também tem que ser respeitada.

"A Alemanha e eu, pessoalmente, queremos que o Reino Unido seja uma parte importante e membro ativo da União Europeia. Nós estamos preparados para dialogar sobre os desejos dos britânicos, mas temos que ter sempre em mente que outros países também têm suas necessidades. Temos que atingir um compromisso justo. Nós vamos negociar intensamente com o Reino Unido sobre suas ideias individuais, mas isso deve durar meses", disse.

A ideia de Cameron consiste em realizar uma consulta pública, até o fim de 2017, sobre a permanência do país na UE, caso seja reeleito em 2015. O governo britânico já estava negociando uma profunda mudança nas relações do país com o bloco, que inclui a devolução de diversas políticas, que atualmente pertencem à UE, ao Parlamento britânico. Se o Reino Unido deixar o grupo, será uma "viagem sem volta", afirma Cameron.

"Será um referendo de dentro ou fora", afirmou o premier, em um discurso no distrito financeiro de Londres. "Chegou a hora dos britânicos falarem. É a hora de selar a questão europeia na política britânica. Se deixarmos a União Europeia, será uma viagem de ida, sem possibilidade de retorno", alertou.

Após o anúncio de Came­ron, o líder da oposição trabalhista, Ed Miliband, acusou o premiê de estar levando o país até um "precipício econômico" e de estar construindo o caminho para a saída da UE.

Até o vice-primeiro-ministro britânico e liberal democrata, Nick Clegg, criticou a decisão do colega de coalizão. Segundo ele, o referendo "criará incerteza e terá um efeito negativo sobre o crescimento e a criação de empregos" no país.

Para Cameron, Reino Unido tem "caráter de ilha"

Agência O Globo

No anúncio de ontem, o primeiro-ministro britânico David Cameron aproveitou para fazer críticas duras ao bloco, que erra gravemente em sua "falta de competitividade e transparência" e "desconexão com os cidadãos", em suas palavras.

Ele também alertou que, se a atual crise continuar, o continente pode perder dois terços de sua produtividade em duas décadas.

"Mais do mesmo não vai solucionar problemas. O inimigo real da UE é a rejeição em aceitar uma nova maneira de ver as coisas. Precisamos de uma maior competitividade, mais flexibilidade e uma maior capacidade de adaptação", disse o premiê.

Em parte de seu discurso, Cameron se aproximou tanto dos chamados "eurocéticos" que foi comparado ao pronunciamento de Margaret Thatcher em Bruges (1988). Definindo o Reino Unido como uma ilha, ele disse que seu país entrou na UE com uma "mentalidade mais prática do que emocional".

"Temos o caráter de uma ilha: independentes, diretos e apaixonados na hora de defender a nossa soberania. Entramos na UE com uma mentalidade mais prática do que emocional", disse.

Para amenizar suas declarações, Cameron lembrou da importância que a integração de países europeus tem desempenhado em prol da paz e da estabilidade no continente, depois de duas guerras mundiais no século 20.

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