Rupert Murdoch prometeu nesta quarta-feira cooperar totalmente para ajudar a resolver o escândalo que atingiu seu conglomerado de mídia, após o primeiro-ministro britânico, David Cameron, ter prometido investigar os grampos telefônicos realizados por um jornal.

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Cameron prometeu abrir um inquérito para investigar os grampos telefônicos do jornal News of the World, de Murdoch, em um caso que provocou revolta na Grã-Bretanha e lança uma sombra sobre os planos do magnata em adquirir o controle da emissora BSkyB.

Os britânicos, disse o premiê no Parlamento, ficaram "revoltados" com o caso, no qual jornalistas do tablóide teriam escutado as mensagens de voz de vítimas de crimes, incluindo as de uma garota que havia sido sequestrada e mais tarde foi encontrada morta.

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"Temos de ter um inquérito, possivelmente inquéritos, sobre o que aconteceu", disse Cameron, que enfrenta questionamentos sobre a sua própria conduta por ter contratado um ex-editor do News of the World como porta-voz e por manter relações próximas com outro, agora um alto executivo e confidente do barão da mídia internacional.

Murdoch, cujo grupo News International enfrenta boicotes de anunciantes e dos leitores, divulgou um raro comunicado público para dizer que ele também considera os grampos telefônicos, e a suposta compras de informações da polícia, "deploráveis e inaceitáveis" e que ele vai garantir que haja transparência no processo.

Mas o magnata de 80 anos, nascido na Austrália e de nacionalidade norte-americana, deixou claro que apóia Rebekah Brooks, a chefe de 43 anos das operações jornalísticas do grupo na Grã-Bretanha. Ela era a editoria em 2002 quando, segundo a polícia, o News of the World ouviu -- e depois apagou -- mensagens de voz deixadas no celular da menina de 13 anos Milly Dowler, que depois foi encontrada morta.

"Deixei claro que nossa companhia deve cooperar totalmente e proativamente com a polícia em toda a investigação, e que isso é exatamente o que o News International tem feito e continuará fazendo sob a liderança de Rebekah Brooks", acrescentou Murdoch.

O governo britânico liderado pelos conservadores tem sofrido uma pressão cada vez maior para abrir um inquérito depois das acusações envolvendo grampo dos telefones de políticos, celebridades e vítimas de crimes famosos feitas contra o jornal de domingo que mais vende no país.

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O escândalo lança luz sobre a forma como os tablóides britânicos trabalham e vem num péssimo momento para a tentativa de Murdoch de comprar a BskyB, uma grande transmissora de notícias e entretenimento, da qual ele é acionista minoritário.

Esforçando-se para se defender, o News International divulgou um comunicado no qual diz estar cooperando com a polícia. "Nós também saudamos hoje os pedidos interpartidários para um amplo inquérito público sobre os padrões e as práticas da indústria", disse o texto.

A agência reguladora da mídia Ofcom disse que analisa de perto o escândalo e a aquisição da BSkyB e que qualquer detentor de uma licença de transmissão precisa ser uma pessoa "idônea e competente".