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Mudanças

Premiê chinês alerta para risco de caos sem a reforma política

Em tom de despedida, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, criticou os erros do passado e apontou ameaças para o futuro do país comunista | Liu Jin/AFP
Em tom de despedida, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, criticou os erros do passado e apontou ameaças para o futuro do país comunista (Foto: Liu Jin/AFP)

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, pediu ontem uma reforma política no Partido Co­­munista da China (PCC), no poder desde 1949, para evitar que problemas sociais surgidos em três décadas de crescimento econômico repitam o caos e a violência da Revolução Cultural (1966-1976).

"A necessidade de reforma chegou a um ponto crítico", disse Wen em entrevista coletiva posterior ao encerramento da As­­sem­­bleia Nacional Popular (Legisla­­tivo) e insistiu que existe o risco de que a China possa "perder os re­­sultados da abertura das últimas três décadas sem colocar em prática políticas reformistas".

Conhecido defensor da reforma na liderança comunista, Wen manifestou na sua possível última entrevista coletiva em Pequim como chefe do Executivo que "é importante fazer a reforma rapidamente para melhorar a governabilidade do país".

Wen e o presidente chinês, Hu Jintao, deixarão em outubro seus postos na cúpula do PCC, e em março de 2013 deixarão o governo. O primeiro-ministro aproveitou seu comparecimento à As­­sembleia Nacional para fazer um balanço de seus dois mandatos de 5 anos à frente do Executivo.

"Acho que no desempenho da minha função e em 45 anos ao serviço do país não cometi muitos erros, pelo menos proposi­­tais, mas assumo a responsabilidade pelos erros cometidos em economia e em desigualdade social, mas a História terá a última palavra", afirmou ao repassar sua gestão.

Em tom de despedida, mostrou confiança de que "a próxima geração fará melhor", mas também preocupação de que uma eventual nova "tragédia histórica", como a iniciada por Mao Tsé-tung nos anos 60 para purgar "elementos capitalistas" e que paralisou o país, possa mergulhar a China na violência e no caos.

"Após a queda da Camarilha dos Quatro (composta pela mu­­lher de Mao e seus seguidores), o PCC decidiu seguir adiante com a reforma e a abertura da China", afirmou, "mas o erro da Revo­­lução Cultural e o impacto do feudalismo ainda devem ser completamente eliminados".

Entre os novos problemas que apareceram e estão sem solução pelo crescimento econômico chinês, e que potencialmente poderiam desencadear a instabilidade social, se encontram, segundo Wen, "as disparidades sociais por uma desigual distribuição do lu­­cro do desenvolvimento, a falta de credibilidade e integridade, e a corrupção".

"Sem reforma política na liderança do PCC, que não será fácil, é impossível cumprir totalmente a reforma econômica", insistiu.

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