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O primeiro-ministro da França, Dominique de Villepin, depara-se com uma moção de censura no Parlamento nesta terça-feira, enquanto luta para sobreviver ao escândalo que tomou conta de seu governo e que ameaça o futuro político dele.

O domínio dos governistas sobre o Parlamento significa que a moção, apresentada pelos socialistas (oposição), tem tudo para ser derrubada.

Mas a decisão anunciada neste final de semana por François Bayrou, chefe do partido UDF (centro) -- aliado tradicional da direita --, de dar apoio à manobra dos socialistas, chama atenção para a fragilidade do premiê.

"O suicídio da direita", declarou o jornal "Le Parisien" depois de Bayrou anunciar sua decisão. O político apareceu em uma charge do Libération segurando explosivos semelhantes aos usados pelos homens-bomba.

A decisão do líder da UDF adiciona mais lenha na fogueira que se alastra pelo cenário político francês há semanas.

O partido UMP, de centro-direita e atualmente no poder, controla 364 das 577 cadeiras da Assembléia Nacional, o suficiente para garantir a sobrevivência do governo.

Ainda assim, o debate será acompanhado de perto para que sejam detectados eventuais indícios de rachas na base de sustentação do premiê.

Villepin foi acusado de usar espiões franceses para tentar manchar a imagem do ministro do Interior do país, Nicolas Sarkozy, em um escândalo que trouxe à tona a situação conflituosa existente dentro do governo. Sarkozy e Villepin têm planos de concorrer à Presidência francesa pela direita.

O atual detentor desse cargo, Jacques Chirac, que possui relações difíceis com o ministro Sarkozy, ficou ao lado do premiê. Mas sua própria credibilidade foi seriamente abalada pelo "caso Clearstream", nome da instituição financeira de Luxemburgo onde Sarkozy e outros políticos foram acusados de manter contas secretas.

A votação de terça-feira será a terceira com que se depara o governo de Villepin no último ano.

Seguindo Bayrou, sua decisão não significava que todos os 30 deputados da UDF se uniriam a ele para criticar o que chamou de um "ninho de víboras" instalado no topo do governo.

Mas o líder da UDF disse ao "Libération":

- Para mim, é impossível aceitar essa situação.

Depois de ter, aparentemente, hesitado entre continuar no governo ou renunciar, Sarkozy, que é o presidente da UMP, deixou claro no final de semana que continuaria ocupando o cargo de ministro do Interior, evitando um racha definitivo no governo.

François Hollande, líder do Partido Socialista, afirmou que a decisão do dirigente da UDF de dar apoio à moção de censura significava que a coalizão de governo havia se desmanchado.

- Não acredito que François Bayrou esteja na oposição de esquerda, mas acho que não há mais uma maioria - disse o dirigente ao jornal "Le Monde".

Villepin negou veementemente ter pedido a integrantes do serviço de inteligência francês que descobrissem irregularidades cometidas por Sarkozy. A ordem teria sido dada depois de o hoje ministro do Interior ter aparecido em uma lista falsa de contas ligadas a uma venda fraudulenta de armas ocorrida em 1991.

Mas as chances de Villepin de suceder Chirac, conforme pretendia, parecem ter sido bastante prejudicadas pelo escândalo.

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