O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, rechaçou nesta terça-feira (15) acusações da oposição de que seu governo está tentando silenciar os críticos através da intimidação, após um tribunal ordenar a prisão de 10% dos generais, almirantes e brigadeiros do país sob a acusação de conspirar para derrubar o governo do partido do premiê, da Justiça e Desenvolvimento (AK, na sigla em turco).
Um tribunal em Istambul ordenou que sejam presos 155 oficiais das Forças Armadas, incluindo os ex-comandantes da Marinha e da Aeronáutica, num longo conflito político entre o AK de Erdogan e a oposição secular turca, que há longo tempo é liderada pelos militares. Entre os presos estão 30 generais e almirantes da ativa, que por terem sido presos perderam suas chances de promoção na hierarquia militar, informou o jornal Cumhuriyet hoje.
Erdogan insistiu hoje que os tribunais são independentes do poder executivo na Turquia. "Esse processo responderá todas as questões que estão nas mentes do povo e fortalecerá ainda mais as Forças Armadas da Turquia", afirmou o premiê aos deputados no Parlamento. "Todos precisam respeitar o processo judicial".
Erdogan respondia as críticas do deputado Devlet Bahceli, líder do Partido de Ação Nacional, que acusou o governo do AK, partido de raízes islâmicas, de se "mostrar como vítima de uma tentativa de golpe antes das eleições". O AK, que venceu as eleições em 2007 com 46,6% dos votos, é favorito para vencer seu terceiro sufrágio consecutivo nas eleições turcas de junho.
Desde que chegou ao poder em 2002, o partido de Erdogan negou repetidamente que tente impor a religião muçulmana sobre a política e a sociedade turcas. Contudo, os seculares veem como alarmante as tentativas do AK de permitir que mulheres vistam véus nas universidades, da criminalização do adultério e de restringir as vendas de bebidas alcoólicas. As informações são da Associated Press.