A primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, renunciou ao cargo nesta segunda-feira (5) e abandonou o país após semanas de violência generalizada nas ruas em meio a protestos estudantis que resultaram em quase 300 mortos.
Os protestos estudantis começaram no início de julho, exigindo o fim das cotas em empregos públicos para descendentes de veteranos da guerra da independência de 1971, política que eles consideram discriminatória em um dos países mais pobres do mundo.
A Suprema Corte ordenou que o governo abolisse a maior parte das cotas de 30%, mas os estudantes decidiram manter as manifestações para exigir justiça para as vítimas da violência e passaram a exigir a renúncia de Hasina e de seu governo.
Os manifestantes continuaram saindo às ruas apesar do toque de recolher ordenado pelo governo durante o final de semana.
Segundo informações, Hasina abandonou o país em um helicóptero militar às 14h30 (5h30 em Brasília), acompanhada por sua irmã menor Sheikh Rehana, informou o jornal local Prothom Alo. Fontes citadas pelo veículo de comunicação disseram que elas partiram para Bengala Ocidental, na Índia.
Nesta segunda-feira, milhares de pessoas se reuniram em frente à residência oficial da primeira-ministra em Daca, capital do país, muitas delas entrando no prédio depois que a notícia de sua partida foi divulgada, de acordo com imagens de televisão.
Hasina assumiu o cargo em janeiro, para um quarto mandato consecutivo, após obter uma vitória clara em uma eleição que foi boicotada pela oposição.
Exército anuncia formação de governo interino
O chefe do Exército de Bangladesh, Waker-Uz-Zaman, confirmou a renúncia de Hasina como primeira-ministra e anunciou a formação de um governo interino.
Em um comunicado, Zaman declarou que “um governo interino será formado e todas as atividades no país serão realizadas por meio dele".
Zaman pediu o fim da violência e disse que a formação de um governo temporário será discutida com o presidente do país, Shahabuddin Chuppu, e que "os assassinos" e os responsáveis pelas "injustiças" cometidas contra os estudantes durante os protestos serão levados à justiça.
"Por favor, continuem confiando no Exército. Assumo toda a responsabilidade (por salvar suas) vidas e propriedades", acrescentou.