O primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, renunciou na noite desta segunda-feira (11) em meio à grave crise de violência que abala o país caribenho desde o final de fevereiro e que se intensificou após a invasão de gangues armadas no maior presídio do país, em 4 de março.
A informação foi transmitida pela Comunidade do Caribe (Caricom), na madrugada desta terça (12). Representantes do bloco de cooperação econômica e política se reuniram emergencialmente após o descontrole na segurança do país, provocado por grupos armados que pediram a saída do premiê de 74 anos.
“Reconhecemos a renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry para o estabelecimento de um conselho de transição presidencial e a nomeação de um primeiro-ministro interino”, anunciou o presidente da Guiana, Irfaan Ali, líder temporário do bloco caribenho.
Ali anunciou, ainda, um acordo para a criação de um conselho de transição com sete integrantes com direito a voto e dois observadores sem direito a voto - um representante da sociedade civil e um representante de religioso do país. A renúncia de Henry só será efetivada após a formação deste conselho.
A violência em Porto Príncipe aumentou significativamente desde que foi anunciado, em 28 de fevereiro, que o primeiro-ministro haitiano havia se comprometido a realizar eleições antes do final de agosto de 2025, uma data muito distante, considerando que o governante deveria concluir seu mandato em 7 de fevereiro, segundo um acordo de 2022.
Dias depois, em 4 de março, grupos armados invadiram a Penitenciária Nacional de Porto Príncipe, a maior prisão do Haiti, e libertaram cerca de quatro mil detentos, quase todos os encarcerados, após intensas trocas de tiros com a polícia durante horas nos arredores do presídio.
Entre os criminosos na prisão estavam os colombianos acusados de participar do assassinato do presidente haitiano Jovenel Moise, em julho de 2021, bem como líderes de gangues que aguardam julgamento. Henry assumiu o cargo depois do assassinato do ex-presidente.
A escalada da violência na ilha fez com que as embaixadas e representações diplomáticas dos países no Haiti retirassem seus funcionários e suspendessem seus serviços.
Nesta segunda-feira (11), a União Europeia (UE) informou que evacuou todos os seus funcionários no Haiti para um local mais seguro fora do país, tendo em vista a "dramática deterioração da situação de segurança", e disse que, dependendo da evolução da situação, a maneira pela qual irá operar no território haitiano será ajustada.
A decisão da UE ocorre depois que militares dos Estados Unidos foram enviados a Porto Príncipe na noite de sábado (9) para reforçar a segurança em sua embaixada a fim de garantir a continuidade das operações e retirar o pessoal não essencial, com a aprovação pessoal do presidente Joe Biden.
Vários membros da embaixada da Alemanha no Haiti também foram evacuados para a República Dominicana no domingo (10), segundo confirmou à Agência EFE uma fonte do Ministério da Defesa dominicano, que pediu anonimato.
Em geral, as demais embaixadas e representações no Haiti tomaram medidas e fecharam, reduziram ou adiaram seus serviços.
Assim, a delegação francesa comunicou que, por precaução, os serviços administrativos e de vistos estão fechados ao público até 15 de março, medida que foi prorrogada depois de ter sido inicialmente planejada para retomar a atividade nesta segunda.
A embaixada da Espanha também suspendeu seu atendimento ao público, de acordo com sua conta na rede social X, e informou que os compromissos agendados para esse dia foram adiados e serão remarcados.
Na mesma linha, a diplomacia do México no Haiti advertiu que, "devido ao estado de alerta prevalecente em Porto Príncipe, permanecerá fechada nesta segunda-feira e as pessoas convocadas para quaisquer formalidades serão recebidas em uma data posterior".
Já na semana passada, a embaixada do Canadá anunciou que estava temporariamente fechada ao público e que, embora os compromissos tenham sido cancelados, as operações continuariam.
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