Sentado ao lado do presidente dos EUA, Barack Obama, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deixou bem claro que seu governo não aceita a proposta de paz do presidente norte-americano para as negociações com os palestinos.
"Embora Israel esteja preparado para fazer concessões gerais pela paz, não pode recuar para as fronteiras de antes de 1967", disse o premiê, após a reunião entre os dois líderes em Washington.
Na quinta-feira, Obama defendeu a criação de um Estado palestino com base nas fronteiras de antes da Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Foi a primeira vez que ele disse ser favorável a que as negociações de paz entre Israel e palestinos sejam realizadas sob esses termos.
Israel teria que ceder o controle de Jerusalém Oriental e retirar assentamentos na Cisjordânia, que ocupou naquele conflito.
Ainda na quinta, Netanyahu disse que o retorno às fronteiras de mais de 40 anos atrás seria impossível porque os israelenses construíram colônias nas áreas invadidas. Usou também como argumento o fato de que 1.520 residências tiveram suas construções liberadas pelo governo de Israel na parte ocupada de Jerusalém Oriental.
Segundo Obama, haveria ajustes para adequar as fronteiras a alguns assentamentos israelenses.
Ilusões
Porém Netanyahu alertou ontem ainda para a "paz baseada em ilusões", sinalizando que são pequenas as chances de uma retomada das negociações sob os termos propostos pelo presidente americano.
"A única paz duradoura é aquela que for baseada na realidade, em fatos inabaláveis. Eu acredito que para haver paz os palestinos terão que aceitar algumas realidades fundamentais", disse.
Ele afirmou ainda que Israel não vai negociar com um governo apoiado pelo Hamas (que controla a Faixa de Gaza), que ele chamou de a versão palestina da Al- Qaeda. O grupo não reconhece o direito de Israel de existir.
Obama reconheceu que há "diferenças" com o colega israelense. Disse que na reunião a portas fechadas reiterou a sua proposta ao premiê. Enfatizou ainda que a segurança de Israel é "soberana" e que os EUA permanecem como aliados. O atual governo norte-americano parece considerar o povo palestino mais do que o antecessor de Obama, George W. Bush. Falando sobre a mesma proposta de levar em consideração as fronteiras anteriores a 1967, Bush dizia que "não era realista".
Relação
O embaraçoso encontro de ontem entre Obama e Netanyahu foi mais um capítulo nas tensas relações dos dois líderes.
No ano passado, por exemplo, os israelenses rejeitaram a proposta de Obama de moratória das obras em assentamentos, semanas depois da retomada das negociações com os palestinos.