O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, é visto durante cerimônia no túmulo nacional de Chidorigafuchi, em Tóquio| Foto: REUTERS/Toru Hanai

A vasta maioria dos eleitores japoneses deseja substitui o primeiro-ministro Naoto Kan, mas cerca de metade quer que ele fique até a pior crise nuclear do país terminar, mostrou uma pesquisa nesta segunda-feira, enquanto partidos de oposição se preparam para submeter uma moção de desconfiança.

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Poucos esperam que o voto de desconfiança seja aprovado, embora um número significativo de parlamentares do governista Partido Democrático (DPJ na sigla em inglês) possa apoiá-lo.

Também são poucos os que esperam o fim da disputa política que impede o Japão de promulgar reformas no sistema tributário e outras necessárias para lidar com a população que envelhece rapidamente, conter uma dívida crescente e fomentar o crescimento econômico.

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"Isto não tem nada a ver com políticas", disse Tomoaki Iwai, professor da Universidade Nihon, sobre o voto de desconfiança. "Tornou-se um jogo. Há uma alienação dos eleitores, que acham que Kan não serve mas que agora não é hora de tais mudanças."

Kan, cuja taxa de aprovação beira os 30 por cento, luta para controlar a crise de vazamento de radiação na usina nuclear de Fukushima Daiichi, encontrar maneiras de financiar a reconstrução de grandes áreas na costa nordeste após o devastador terremoto seguido de tsunami em 11 de março e delinear reformas de impostos e seguridade social para frear uma dívida pública que já é o dobro do PIB japonês.

O Partido Liberal Democrático (LDP na sigla em inglês), principal agremiação da oposição, planeja submeter uma moção de desconfiança no Parlamento nesta ou na próxima semana para forçar Kan a renunciar ou convocar uma eleição antecipada para a câmara baixa. Todos os partidos de oposição, menos o pequeno Partido Social Democrático, dizem que irão apoiá-la.

Mas Kan tem uma boa chance de sobreviver ao voto, já que é questionável que o LDP possa conquistar descontentes suficientes no DPJ para aprovar a moção. Mais de 70 dos 305 membros do DPJ na câmara baixa teriam que desertar para garantir a aprovação.

Katsuya Okada, número dois do DPJ, ameaçou expulsar os desertores do partido.

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"Se mudasse o primeiro-ministro, e daí? (O líder do LDP Sadakazu) Tanigaki não tem um plano, nem os membros de nosso partido que estão pedindo (que Kan saia)", disse Okada em uma coletiva de imprensa.

"Só causaria confusão e seria uma perda de tempo."

De fato, o LDP pode não estar contando com um sucesso imediato. "O objetivo não é dar um golpe definitivo em Kan, mas tentar ganhar mais terreno no DPJ e torcer que isso leve a algo", disse Koichi Nakano, professor da Universidade Sophia.

Uma pesquisa do diário econômico Nikkei mostrou que enquanto 70% dos eleitores querem Kan substituído, 4% preferem que ele fique até a crise nuclear ser debelada e as medidas para reerguer o nordeste do Japão, onde os desastres naturais devastaram a região e deixaram quase 24 mil mortos ou supostamente mortos, tenham progredido.

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