O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, não mediu palavras nesta quarta-feira (10) ao afirmar que, no futuro, enxerga o território nacional do país que hoje comanda completamente cercado por grades e muros.
No mesmo dia do discurso do premiê conservador, o presidente do Partido Trabalhista, Yitzhak Herzog, principal líder da oposição pela União Sionista, pediu o maior distanciamento possível dos palestinos, com a separação da parte oriental de Jerusalém e a finalização do polêmico muro que já rodeia grande parte da Cisjordânia.
A assertiva de Netanyahu foi feita numa visita à cerca em construção na fronteira com a Jordânia, perto da cidade de Eilat.
“Em última análise, o Estado de Israel, como eu o enxergo, será totalmente cercado. Vão me questionar: ‘É isso que você quer para proteger o país?’ A resposta é sim. Vamos cercar todo o Estado de Israel com cercas e barreiras? A resposta é sim”, afirmou o premiê, para finalizar o raciocínio de forma agressiva: “Na região em que vivemos, temos de nos defender dos animais selvagens”.
30 km ao custo de quase R$ 300 milhões
A dura retórica de Netanyahu vem em meio à onda de violência que ocorre em Israel há cinco meses. Pelo menos 27 israelenses morreram em ataques de palestinos, principalmente a facadas, mas também atropelados, enquanto 156 palestinos foram mortos pelo Exército desde outubro passado, geralmente a tiros, incluindo quase todos os esfaqueadores e demais agressores, mas também manifestantes em protestos nos territórios ocupados e na fronteira com a Faixa de Gaza.
O negociador-chefe da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, reagiu ao mordaz discurso de Netanyahu: “Benjamin Netanyahu está adotando as leis da selva, as mesmas que as dos chefes do apartheid na África do Sul.”
Ainda na quarta, o premiê israelense disse que estava examinando formas de vedar as lacunas no muro existente ao longo da fronteira da Cisjordânia. Logo após a barreira começar a ser erguida, depois de encomendada pelo ex-primeiro-ministro Ariel Sharon, os analistas deram à estrutura o crédito pela queda do número de ataques de palestinos em Israel.
Entretanto, o argumento vem caindo por terra. O conflito na Faixa de Gaza, em meados de 2014, mostrou como foi fácil para o Hamas utilizar túneis por debaixo das barreiras que cercam o território palestino. E os atuais ataques a facas ocorrem mesmo após a construção de muros e grades.
A construção imediata de mais 30 quilômetros de muro proposta por Netanyahu sairia ao custo de 288 milhões de shekels (R$ 291,4 milhões). O premiê também assegurou querer dar fim aos túneis que ligam a Faixa de Gaza a Israel.
A proposta de mais barreiras, no entanto, foi criticada por um aliado de Netanyahu. O ministro da Educação, Naftali Bennett, ressaltou que, na Austrália ou em Nova Jersey, nos Estados Unidos, não há a necessidade de cercas.
Por outro lado, o líder opositor Yitzhak Herzog mostrou-se favorável à mesma proposta do premiê. “Temos que ser realistas. E acredito que a realidade nos obriga a entender agora mesmo que a paz não está na próxima esquina. O que devemos fazer é nos separar dos palestinos o máximo possível”, afirmou Herzog em uma entrevista coletiva à imprensa estrangeira.
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