O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, declarou ontem que não pode atender às exigências dos manifestantes contrários a seu governo por causa de sua responsabilidade com a metade do eleitorado turco que votou nele. Em declarações feitas a jornalistas, Erdogan disse que os protestos são antidemocráticos e uma tentativa de um grupo "minoritário" de "dominar" a maioria.
Erdogan declarou que, "se permanecêssemos indiferentes diante disso, os 50% que votaram (no partido que governa o país) me perguntariam a razão". Suas palavras foram publicadas em vários jornais nesta sexta-feira, depois de mais de 10 mil partidários terem recebido o primeiro-ministro no aeroporto em Istambul no retorno de uma viagem pelo norte da África.
O governo turco reconheceu que a polícia usou força excessiva em alguns protestos, mas Erdogan pediu o fim imediato das manifestações. Dezenas de milhares têm manifestado seu descontentamento com os dez anos de Erdogan no poder desde sexta-feira da semana passada. Ontem, pela oitava noite consecutiva, os manifestantes continuavam reunidos na Praça Taksim, berço dos protestos.
O comissário para ampliação da União Europeia (UE), Stefan Fule, criticou nesta sexta-feira a repressão da polícia turca aos manifestantes e afirmou que uma investigação "rápida e transparente" é necessária. Fule afirmou que as pessoas têm o direito de se manifestar de forma pacífica em sociedades democráticas e que não há lugar para a brutalidade policial nas democracias.
Merkel
A chanceler alemã Angela Merkel pediu que o governo turco renuncie à violência contra os manifestantes. Erdogan "já disse a seu povo que entende que há certos problemas no país", disse ela aos jornalistas, após conversar com o primeiro-ministro tunisiano Ali Larayedh.
"Eu conto com o fato de que esses problemas serão discutidos com os jovens do país e que não haverá violência contra os manifestantes."
Merkel disse que a Alemanha acompanha de perto os acontecimentos na Turquia. "Nós somos da opinião de que os manifestantes são parte do fato de termos um Estado governado pelo estado de direito e que os manifestantes precisam ser tratados de acordo com a lei", disse ela. "Eu espero que a Turquia faça isso."