No mesmo dia em que a Rússia começou a realizar exercícios militares na fronteira com a Ucrânia, o primeiro-ministro do país, Arseni Yatseniuk, acusou Moscou de "agressão militar sem motivos" em discurso no Conselho de Segurança da ONU. O premiê exortou o governo russo a retirar suas tropas da Crimeia e a iniciar um diálogo.
"Meu país sofreu uma agressão militar de um membro permanente do Conselho de Segurança sem qualquer motivo. É completamente inaceitável no século 21 resolver qualquer tipo de conflito com tanques, artilharia e soldados", afirmou Yatseniuk.
Dirigindo-se em russo ao embaixador da Rússia na ONU, Vitali Churkin, o premiê disse estar "convencido de que os russos não querem a guerra" e que acredita ainda em uma solução pacífica. Em sua fala, Churkin respondeu que a Rússia não só não quer a guerra como não há qualquer "premissa" que leve a crer o contrário.
"Nós não queremos nenhuma exacerbação da situação. Não foi a Rússia que desenvolveu essa espiral de violência que nos últimos dois meses têm determinado os desenvolvimentos na Ucrânia", disse.
Para ele, alguns membros do Conselho de Segurança têm "pintado uma situação idílica, na qual, se não fosse pela Rússia má, cada ucraniano viveria uma vida longa e feliz".
Tanto o premiê ucraniano como a embaixadora americana na ONU, Samantha Power, tentaram destacar um isolamento russo no Conselho. A China, que sempre apoia Moscou, no entanto, fez um discurso dúbio, em que destacou sua posição de "objetividade e imparcialidade", mas também o apoio à "soberania e integridade territorial" de outros países discurso usado pelos defensores de Kiev.
Como a Rússia tem poder de veto, um possível isolamento de Moscou, teria apenas um peso simbólico.
Os EUA circularam ontem um rascunho de resolução, que deve ser colocado em votação amanhã, um dia antes do referendo na Crimeia.
Segundo Power, o texto defende o respeito à integridade do território, à soberania e à independência da Ucrânia, e pede à comunidade internacional que não reconheça o referendo. Ela se esquivou em especificar, porém, se o texto traz uma condenação à ação russa na Crimeia.
"Por definição, ainda temos tempo. Estamos na quinta, o referendo é domingo", disse Power.
Ela ainda respondeu ao embaixador russo, que citou a importância de se respeitar a "autodeterminação" da população da Crimeia sugerindo sua ligação inerente à Rússia.
"Agradeço ao colega russo pela aula em geografia e história, mas eu perdi o dia de aula em que a autodeterminação foi definida como uma determinação Russa."
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