O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, afirmou ontem que as forças especiais norte-americanas tiveram envolvimento na morte do ex-ditador líbio Muamar Kadafi (1942-2011), que foi morto depois de ter sido capturado pelos insurgentes opositores. "Drones, principalmente americanos, atacaram o comboio [de Kadafi]", declarou o premiê em entrevista transmitida ao vivo pela televisão russa.
"Depois, com seus rádios, por meio das forças especiais que não deviam estar ali, chamaram a pseudo oposição e os combatentes que o eliminaram sem julgamento e sem investigação", completou.
A Rússia havia criticado com veemência as operações militares que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) realizou na Líbia e as definiu como uma "cruzada". Na visão do país, os ataques aéreos não tinham respaldo na resolução da ONU, que apenas mencionava a necessidade de respeitar uma zona de exclusão aérea e ainda proibia a presença de tropas estrangeiras em solo líbio.
Pouco após a morte de Kadafi, o chanceler russo, Serguei Lavrov, já havia questionado a legalidade do ataque aéreo ao comboio onde o ex-dirigente líbio era transportado, que terminou na captura e morte do ditador. A Otan afirmou, na ocasião, que não sabia que Kadafi se encontrava no comboio atacado.
Em resposta às críticas pela falta de liberdade na Rússia, o premiê questionou o caráter democrático dos princípios promulgados pelo Ocidente. "A todo o mundo mostraram imagens do assassinato [de Kadafi], todo ensanguentado. Isso é democracia?", declarou Putin, que defendeu que o povo líbio deveria ter tido a oportunidade de decidir sobre o destino de seu ex-líder por via democrática.
Putin disse que as imagens da morte do ditador líbio lhe causaram "repugnância" e criticou os meios de comunicação ocidentais por falta de moralidade.
A Rússia defende que Kadafi deveria ter sido preso e que sua morte nas mãos dos rebeldes líbios é uma violação do Direito Internacional.
Pentágono
O Pentágono respondeu à acusação de Putin. "A afirmação de que as forças especiais dos Estados Unidos tiveram envolvimento na morte do coronel Kadafi é ridícula", declarou o capitão John Kirby, porta-voz do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta.