O primeiro-ministro da Hungria, Ferenc Gyurcsany, desculpou-se nesta quarta-feira pelo tom do discurso vazado em que admitiu ter mentido sobre a situação da economia para ganhar a eleição de abril.
A divulgação da fita provocou protestos violentos neste mês e pedidos pela demissão do governo, formado pelos partidos Socialista e Democratas Livres.
Na fita gravada em maio, Gyurcsany diz que "mentimos de manhã, mentimos de noite".
- É claro que lamento(...) Estas palavras foram de repreensão, afeto e paixão - disse ele em entrevista coletiva.
Gyurcsany disse reconhecer que perdeu a confiança popular e que levará muito tempo para reconquistá-la, mas insistiu que os planos de corte do déficit do Orçamento devem ser implementados.
Desde que ganhou a eleição, o governo reverteu a política econômica e determinou aumento de impostos e cortes de subsídios para conter o maior déficit da União Européia.
- Não achava que os eleitores entenderiam... e não acreditava que eu poderia dizer tudo isso - afirmou.
Como resultado das medidas, a popularidade do governo caiu de 40% em abril para 25%, e terá um novo teste nas eleições locais de domingo.
O principal partido de oposição, o Fidesz, apresenta a eleição como um referendo sobre os aumentos de impostos e cortes de subsídios.
O Fidesz chama o governo atual de "ilegítimo" e exige que ele renuncie e seja substituído por um painel de especialistas até que novas eleições sejam realizadas.
Sob a Constituição húngara, não há como mudar o governo fora de um processo eleitoral, a menos que a cúpula governamental renuncie ou perca quatro moções de desconfiança.
Na manhã desta quarta-feira, cerca de cem manifestantes se reuniram em frente ao Parlamento, a maioria de grupos da extrema-direita, em comparação aos dezenas de milhares que ocuparam as ruas da capital Budapeste após o vazamento da fita.