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O primeiro-ministro do Zimbábue, Morgan Tsvangirai, anunciou nesta sexta-feira (16) que boicotará o governo de unidade do país. Em entrevista coletiva, ele disse que há uma "perseguição" a um importante aliado dele. Tsvangirai afirmou que o boicote continuará até que haja uma resolução no caso de Roy Bennett, acusado de, por meio de seu partido, o Movimento para a Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês), tramar a queda de Robert Mugabe, há 29 anos no poder.

"Nós não estamos na verdade nos retirando" do governo, explicou. O partido dele, porém, não participará de reuniões do gabinete nem de qualquer trabalho executivo ao lado do ZANU-PF, do presidente Mugabe. Segundo Tsvangirai, seu MDC manterá atividades no Parlamento.

A atitude do partido mostra o profundo descontentamento do MDC com a coalizão. Tsvangirai, porém, várias vezes já disse que o governo de união é a única forma de garantir o futuro do Zimbábue. Ele deixou claro que por pouco não desistiu dessa administração.

Tsvangirai e Mugabe iniciaram um governo de união em fevereiro, após dois meses de violência depois das eleições no Zimbábue, que deixaram o país em um impasse político e ainda pior economicamente. "Até que a confiança seja restaurada, nós não podemos continuar a fingir que tudo está bem", afirmou Tsvangirai. "É nosso direito nos afastarmos do ZANU-PF.

Julgamento

Bennett foi preso nesta semana e aguarda julgamento, que deve começar na segunda-feira. Tsvangirai o nomeou como vice-ministro da Agricultura da coalizão governista. Bennett havia sido detido no dia da posse do gabinete e acusado de violações relativas a porte de armas. Ele nega qualquer crime. "Roy Bennett não está sendo processado, ele está sendo perseguido", afirmou Tsvangirai.

A União Europeia afirmou que está "bastante preocupada" com a perseguição a Bennett. O bloco lamentou que "os abusos politicamente motivados persistem no país". O Departamento de Estado norte-americano também já criticou o processo contra o oposicionista.

Os vizinhos do Zimbábue pediram que Mugabe, no poder desde 1980, formasse uma parceira com o oposicionista Tsvangirai. Ao formar a coalizão, os dois líderes prometeram trabalhar juntos para tirar o país de uma crise profunda.

Desde o início da coalizão, Mugabe exige que Tsvangirai faça mais para retirar sanções internacionais e restaurar o auxílio e o investimento estrangeiros. O primeiro-ministro tem condenado às contínuas violações aos direitos humanos no país.

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