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O primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, que pertence ao Hamas, jogou um balde de água fria nesta terça-feira sobre as esperanças de que o novo governo de unidade nacional possa participar de negociações de paz com Israel.

Israel e os Estados Unidos responderam com ceticismo à coalizão de unidade nacional, acertada por Haniyeh com o presidente Mahmoud Abbas na segunda-feira, como forma de pôr fim ao isolamento internacional imposto aos palestinos pelo Ocidente. A reação da União Européia foi mais positiva, com a crença de que a mudança poderia ressuscitar o processo de paz no Oriente Médio.

Questionado se a nova administração vai negociar com Israel, Haniyeh disse:

- Não. As negociações têm a ver com a OLP, e não com o governo.

As negociações anteriores de paz foram conduzidas pela Organização pela Libertação da Palestina (OLP), que, até a chegada do Hamas ao poder por meio de eleições diretas, no começo do ano, era vista como tendo praticamente os mesmos interesses que o governo.

Numa medida que pode ajudar a aliviar as tensões, um juiz militar israelense determinou a libertação de várias autoridades do Hamas que haviam sido detidas depois do seqüestro de um soldado israelense em junho, disse um porta-voz do Exército.

Um advogado que representa os prisioneiros - entre eles ministros e parlamentares do Hamas - disse que eles serão libertados sob fiança, o que cria a perspectiva de que possam ser indiciados por Israel.

Israel considera o Hamas uma organização terrorista.

Por outro lado, o grupo xiita libanês disse que só libertará soldados israelenses se for acertada uma troca de prisioneiros .

Haniyeh, que deve liderar o novo governo, já havia dito que não faria objeções a uma possível negociação entre Abbas e Israel por meio da OLP, mas qualquer acordo teria que ser ratificado pelo Parlamento, onde o Hamas possui maioria.

Um porta-voz do governo atual, liderado pelo Hamas, reiterou essa posição na terça-feira.

Israel também já disse que não vai negociar com um governo palestino que não aceite as três condições impostas pelo Quarteto de negociadores - o reconhecimento de Israel, a renúncia à violência e a adoção dos acordos de paz interinos do passado.

A insistência do Hamas em não reconhecer Israel suscitou dúvidas sobre se o governo de unidade nacional cumprirá ou não essas exigências.

Alguns diplomatas ocidentais acreditam que a União Européia possa se contentar com menos.

Segundo as autoridades palestinas, pode levar até duas semanas para que o novo governo seja formado.

- Estamos totalmente satisfeitos com o que conseguimos e esperamos que isso seja bem aceito pela comunidade internacional. Acredito que a resposta será positiva - disse Abbas, depois de se reunir com o ministro das Relações Exteriores da Espanha, Miguel Angel Moratinos, na Faixa de Gaza.

Como que para lembrar das dificuldades para obter a paz na região, militantes palestinos mataram um soldado israelense em Gaza. Foi a primeira baixa do Exército no território desde a retomada das operações terrestres, há três meses.

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