RAMALLAH - O resultado das eleições parlamentares na Palestina ainda não foi anunciado oficialmente, mas a possibilidade de vitória do grupo extremista Hamas já provocou a primeira grande mudança na política local. Nesta quinta-feira, o primeiro-ministro palestino, Ahmed Qurie, e todo o seu gabinete entregaram suas renúncias ao presidente Mahmoud Abbas, informou uma autoridade de alto escalão do governo.
O pedido de renúncia foi feito logo após o Hamas ter anunciado extra-oficialmente a vitória sobre o partido governista Fatah, que dominava a política palestina há anos. Se a apuração eleitoral confirmar que o Hamas conquistou a maioria das 132 cadeiras do Parlamento, caberá ao grupo radical, que defende a destruição do Estado de Israel, montar o próximo governo.
A tomada de poder do Hamas pode conturbar as expectativas de se reiniciar as negociações de paz entre Israel e Palestina. Os Estados Unidos disseram que vão aceitar o resultado das eleições como um reflexo da vontade do povo, mas deixaram claro que o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, não deveria formar um governo de coalizão com o Hamas.
Antes mesmo do resultado oficial, Estados Unidos e Grã-Bretanha já declararam que não pretendem negociar com o Hamas, mesmo que este consiga a maioria das 132 cadeiras no Parlamento, a não ser que o grupo radical abra mão da violência e das ameaças à soberania de Israel.
Nesta quarta, o líder do Hamas Mahmoud Zahar admitiu a possibilidade de formar uma coalizão com o Fatah e voltou a dizer que aceitaria negociar futuramente com Israel, sob certas condições. Mas autoridades do partido do governo já revelaram nesta quinta que não desejam fazer qualquer tipo de aliança com o Hamas.
Prévias indicavam vantagem do Fatah
As últimas pesquisas realizadas antes da eleição indicavam uma ligeira vantagem do Fatah sobre o Hamas. Mas o próprio partido governista já começa a admitir a derrota: uma autoridade do Fatah afirmou nesta quinta que o partido da situação aparentemente perdeu a disputa eleitoral.
Segundo o jornal israelense "Haaretz", a comissão eleitoral palestina informou que os resultados oficiais serão divulgados com dez horas de atraso. Sem explicar o motivo, a comissão afirmou que vai anunciar os números às 19h do horário local.
- O Hamas ganhou mais de 70 assentos em Gaza e na Cisjordânia, o que representa mais de 50% dos votos - disse nesta quinta-feira um dos líderes do grupo extremista, Ismail Haniyeh - Esta é uma vitória do povo palestino, que votou contra a ocupação (de Israel na Cisjordânia), que votou pela resistência.
Na véspera, pesquisas de boca-de-urna haviam identificado uma vantagem do Fatah sobre o movimento radical. Segundo estes resultados, o Fatah ocuparia 58 cadeiras do parlamento, enquanto o Hamas ficaria com 53 assentos. Mas o dia seguinte à eleição começou com uma inversão dessa tendência.
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