Roma - O primeiro-ministro Silvio Berlusconi, cuja rivalidade com o Judiciário remonta a seu mandato anterior (2001-2006), tem constantes rusgas com a Justiça, a qual acusa de persegui-lo para fins políticos.
A opinião da magistratura sobre o direitista tampouco é melhor. Em recente congresso na Itália, a reportagem ouviu de juízes e juristas proeminentes que o governo atual é antidemocrático e está "dividindo o país'', sobretudo com sua política de criminalizar imigrantes irregulares.
O momento político tampouco favorece Berlusconi, que, apesar de uma aprovação alta, sofreu arranhões em sua base eleitoral conservadora após os sucessivos escândalos sexuais envolvendo seu nome.
Nesta semana, o Tribunal de Milão considerou o premier corresponsável pelo suborno de um juiz envolvido em uma decisão judicial que beneficiou uma de suas empresas em um processo de 1991. Ele fora inocentado de acusações criminais em 2001 e pode recorrer.
Já os casos que poderão agora ser reabertos envolvem tanto as empresas quanto a carreira política de Berlusconi. Ambos precedem sua eleição, no começo do ano passado, estavam em curso e foram suspensos exatamente por causa da aprovação da imunidade, em junho do mesmo ano.
Berlusconi está ainda envolvido em um quarto caso, o qual não está claro se pode ou não ser afetado pela decisão do Tribunal Constitucional. Nele, o premier é acusado de ter pago em 1997 ao advogado britânico David Mills 580 mil para sumir com documentos financeiros suspeitos. Em fevereiro, Mills foi condenado a quatro anos e meio de cadeia.
Berlusconi declarou que a decisão de ontem não o fará renunciar e saiu disparando petardos contra os juízes, o presidente e jornalistas para ele, dono do maior conglomerado privado de mídia do país, "72% da imprensa é de esquerda''.
Crítico contumaz do sistema judicial italiano, ao qual acusa de querer legislar, atribuiu a anulação a "juízes de esquerda''. "Vamos governar por cinco anos com ou sem essa lei'', disse a repórteres diante de sua casa, em Roma, segundo a BBC. O mandato só acaba em 2013.
O premier também criticou o presidente Giorgio Napolitano, do extinto Partido Comunista. "Me sinto trapaceado, acabou'', afirmou, culpando-o pela indicação dos juízes.