O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, admitiu nesta segunda-feira (25) que seu gabinete recebeu dinheiro do Irã em sacos, mas disse que essa é uma forma transparente de auxílio, que ajuda a cobrir as despesas do palácio presidencial e que os Estados Unidos fizeram pagamentos similares.
A satisfação do presidente foi dada depois de uma reportagem ter mostrado, no domingo, que o chefe de gabinete de Karzai, Omar Dawoodzai, recebe grandes quantidades de dinheiro em sacos, possivelmente cerca de 6 milhões de dólares em cada pagamento, do vizinho Irã, em uma tentativa de assegurar influência e lealdade.
Citando uma autoridade afegã que não quis se identificar, o jornal "The New York Times" informou que milhões de dólares em dinheiro transportado do Irã foram usados para pagar parlamentares afegãos, líderes tribais e comandantes do Taleban.
Karzai disse que recebe dinheiro de vários "países amigos", mas citou apenas EUA e Irã, este último com contribuições de até 700 mil euros (US$ 976.500), duas vezes ao ano.
Karzai também disse que continuará pedindo dinheiro ao Irã.
"O governo do Irã ajuda o gabinete com 500, 600 ou 700 mil euros, uma ou duas vezes por ano, o que é um auxílio oficial", disse Karzai a repórteres em uma coletiva de imprensa conjunta com o presidente do Tadjiquistão, Imomali Rakhmon.
"Isso é transparente, é algo que discuti até com o presidente George (W.) Bush. Nada é escondido. Os Estados Unidos estão fazendo a mesma coisa. Eles dão sacos de dinheiro, sim. É tudo igual."
Karzai afirmou que os recursos são gastos com despesas do palácio, salários e "pessoas de fora", mas não deu mais detalhes.