O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, classificou neste domingo (29) de um "grave erro" e de "assassinato" a morte no sábado de 14 civis em um ataque aéreo americano e lançou uma última advertência às tropas e os responsáveis americanos sobre suas operações "unilaterais".
Catorze civis afegãos, em sua maioria crianças, foram mortos no sábado quando helicópteros que iam socorrer uma base da Otan atacada por insurgentes lançaram foguetes sobre duas casas na província de Helmand, bastião insurgente, disseram autoridades locais.
"Já foi dito em repetidas ocasiões aos Estados Unidos e à Otan que suas operações unilaterais e inúteis causam a morte de afegãos inocentes e que tais operações violam os valores humanos e morais, mas parece que não escutam", disse Karzai, segundo um comunicado oficial.
A nota, escrita em tom virulento fora do comum, afirma ainda que "o presidente classificou este incidente como um grave erro e como o assassinato de crianças e mulheres afegãs". Por fim, lança "uma última advertência às tropas e às autoridades americanas".
Karzai acusou as "tropas americanas" pela morte destes civis, embora as autoridades provinciais de Helmand tenham feito referência apenas a helicópteros da Otan.
O ataque tinha insurgentes como alvo, mas acabou atingindo duas casas de civis, matando duas mulheres e 12 crianças, de acordo com relatos. Militares da Otan e do Afeganistão estão investigando o caso.
Imagens transmitidas pela televisão local mostram homens carregando os corpos das crianças cobertos de poeira e apresentando-os aos jornalistas.
Segundo ataque
O comunicado presidencial não alude a um segundo ataque, ocorrido em Nuristan (nordeste), que também foi reportado no sábado.
O governador desta província montanhosa, onde a rebelião ganha cada vez mais força, indicou que 18 civis e 20 policiais haviam morrido em um ataque aéreo no dia 25 de maio, durante intensos combates entre as forças afegãs apoiadas pela Otan e os talibãs, que ameaçavam tomar posse de um distrito.
"Os policiais morreram atingidos por disparos fratricidas", afirmou Jamalddin Badar, enquanto "os civis foram mortos porque foram confundidos com os talibãs, vestidos com roupas civis, e que, sem munições, se refugiaram nas casas", relatou.
Casa Branca
Neste domingo, um porta-voz da Casa Branca disse que os Estados Unidos levam "muito a sério" as preocupações de Hamid Karzai sobre as baixas civis no Afeganistão.
"O presidente Karzai já expressou em várias oportunidades sua preocupação com a perda de vidas humanas entre a população civil. É uma preocupação que compartilhamos e levamos muito a sério", declarou o porta-voz Jay Carney.
"Nosso exército no Afeganistão trabalha muito duro para fazer todo o possível para evitar baixas civis", acrescentou.
"Obviamente, coordenamos este trabalho com o governo afegão, com o exército afegão com este objetivo".
As forças da Otan no Afeganistão (Isaf) declararam estar "cientes" das alegações em Helmand e Nuristan, indicando que uma equipe de investigadores já foi enviada para apurar os incidentes e garantindo que suas conclusões serão publicadas.
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