Buenos Aires Os quase quatro anos e meio de governo do presidente Néstor Kirchner alternaram momentos de lua-de-mel com o Brasil e de confronto com seu principal sócio no Mercosul. Kirchner, fiel a seu estilo sem papas na língua, não hesitou, em diversas ocasiões, em desferir fortes golpes contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o empresariado brasileiro.
"Há um lugar na OMC, o Brasil o quer. Há uma vaga na ONU, o Brasil a quer. Há uma cadeira na FAO, o Brasil a quer. Se até quiseram eleger o papa!", desabafou Kirchner em 2005, em plena crise argentino-brasileira. "A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) é dura e impiedosa", atacou, na mesma época. Mas, desde o final daquele ano, as relações entre os dois lados da fronteira desenvolveram-se sem grandes problemas. Kirchner voltou a tratar bem o Brasil, embora eventualmente dispare críticas contra a Petrobrás e seus investimentos no país.
Para reafirmar os laços com o governo Lula e convencer os empresários brasileiros a continuar investindo na Argentina, a candidata Cristina Kirchner esteve em Brasília em plena campanha Se eleita amanhã, ela terá que conviver com o governo Lula até 2010.
Bom relacionamento
Ceferino Reato, autor da biografia não autorizada do presidente Lula, Lula, a esquerda ao divã, a relação de um eventual governo de Cristina com Lula "está bastante encaminhada".
Reato diz que os confrontos de Kirchner com Lula, no passado, foram provocados pela crise econômica que assolava a Argentina no início de seu mandato. "Lula e Kirchner construíram um modus vivendi satisfatório para ambas as partes", acredita o autor. Segundo ele, a Argentina de Cristina aceitará a liderança do Brasil. "Mas nunca a hegemonia brasileira".
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