Vivanco acusa Uribe de sabotar as investigações sobre suposta ligação de aliados políticos com paramilitares de direita, durante conferência em Bogotá| Foto: Rodrigo Arangua / AFP

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, ameaça sabotar as investigações sobre a suposta ligação entre aliados políticos seus e grupos paramilitares de direita, disse nesta quinta-feira (16) uma entidade de direitos humanos.

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A Suprema Corte investiga mais de 60 parlamentares, a maioria da coalizão governista, sob suspeita de usar paramilitares para coagir eleitores.

Enquanto o tribunal investiga os políticos, inclusive o ex-senador Mario Uribe, primo do presidente, Álvaro Uribe propôs caçar os poderes da corte para realizar as investigações, alegando que ela tem um viés esquerdista.

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"As instituições de Justiça da Colômbia fizeram um enorme progresso na investigação dos paramilitares e de seus amigos poderosos", disse José Miguel Vivanco, diretor da entidade Human Rights Watch, numa entrevista coletiva em Bogotá.

"Mas o governo Uribe continua tomando medidas que podem sabotar essas investigações", acrescentou.

O governo rejeitou o relatório da HRW e negou qualquer interferência no Judiciário.

Os paramilitares surgiram na década de 1980, patrocinados por latifundiários que sofriam ataques de rebeldes esquerdistas. Esses grupos cresceram praticando sequestros, extorsões, assassinatos e narcotráfico.

Sob o governo de Uribe, 30 mil paramilitares entregaram suas armas, e os principais líderes foram extraditados para os EUA.

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"As extradições são positivas por terem quebrado as cadeias de comando e terem aumentado a probabilidade de que os comandantes cumpram longas penas de prisão por seus crimes envolvendo drogas, mas podem se provar fatais para a obtenção de justiça por outras atrocidades", disse Vivanco.

Uribe é extremamente popular por ter enfraquecido militarmente as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e reduzido a criminalidade no país, com apoio dos EUA. Seus seguidores defendem uma mudança na Constituição para lhe permitir disputar um terceiro mandato consecutivo.