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O presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, encarregou nesta segunda-feira (6) o líder da direita nacionalista, Herbert Kickl, do partido FPÖ, de formar um novo governo após o fracasso das negociações entre conservadores, social-democratas e liberais.
Após uma reunião de uma hora com Kickl esta manhã, o chefe de Estado austríaco disse que lhe pediu para negociar com o partido popular ÖVP sobre a formação de um governo de coalizão.
"O senhor Kickl tem a confiança necessária para encontrar soluções viáveis no âmbito das negociações governamentais, e quer assumir essa responsabilidade, razão pela qual o encarreguei de iniciar discussões com o ÖVP sobre a formação de um governo federal", disse Van der Bellen.
"Não tomei essa medida levianamente e continuarei a garantir que os princípios e normas da nossa Constituição sejam devidamente cumpridos e observados", acrescentou o presidente, que no passado havia demonstrado ser contrário a um governo liderado por Kickl.
Esta é a primeira vez na história da Áustria que o partido FPÖ, que venceu as eleições em 29 de setembro com cerca de 29% dos votos, foi encarregado de formar um governo.
"O ÖVP recuou em sua rejeição categórica a uma cooperação com Kickl. Essa é a nova situação", disse Van der Bellen, referindo-se à mudança de posição anunciada neste domingo (5) pelo novo líder conservador, Christian Stocker.
O atual chanceler federal e líder conservador, Karl Nehammer, anunciou sua renúncia no sábado (4) após declarar que as negociações para um governo tripartite entre o ÖVP, o partido social-democrata SPÖ e o liberal Neos haviam fracassado.
Nehammer era contrário a uma coalizão com o FPÖ sob o comando de Kickl, a quem acusou de ser um "perigo para a segurança do país", por ter "posições xenófobas, pró-Rússia e críticas em relação à União Europeia (UE)".
No entanto, Stocker, até agora secretário-geral do partido, anunciou neste domingo que o ÖVP agora está disposto a negociar com o FPÖ para formar uma coalizão.
O FPÖ venceu as eleições gerais no final de setembro com 28,8% dos votos, à frente do ÖVP, com 26,3%.
Diante da aparente recusa de todos os partidos políticos em cooperar com o FPÖ de Kickl, Van der Bellen confiou a formação de um governo ao ÖVP, que tentou formar um Executivo tripartite com o SPÖ e o Neos.
Kickl chegou a ser ministro do Interior (2017-2019) em um governo liderado pelo ex-chanceler conservador Sebastian Kurz. Em junho de 2021, em meio à pandemia do coronavírus, assumiu a presidência do FPÖ.
O líder de direta nacionalista é um crítico do apoio ocidental à Ucrânia, das sanções contra a Rússia, da cooperação da Áustria neutra com a Otan, e da União Europeia.
Um dos principais aliados de Kickl é o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, com quem formou o grupo Patriotas pela Europa, a terceira maior bancada do Parlamento Europeu. O FPÖ também tem laços estreitos com o Alternativa para a Alemanha (AfD).
Enquanto Kickl se encontrava com Van der Bellen, nesta segunda-feira, centenas de pessoas se manifestaram em frente à sede da presidência federal para expressar sua rejeição e descontentamento com a possibilidade do líder do FPÖ assumir o controle do próximo Executivo.
Conteúdo editado por: Isabella de Paula