A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ficou surpresa ao ver que seu colega da União Europeia (UE) e presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, ocupava a única cadeira disponível junto ao presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, deixando-a sem assento oficial em um encontro em Ancara a capital turca, nesta terça-feira (6).
As imagens da reunião mostraram a chefe do Executivo da UE, a única mulher presente nas negociações, com uma expressão de incredulidade e suspirando de surpresa quando Erdogan e Michel sentaram-se sozinhos nos lugares centrais do encontro, deixando Ursula de pé, sem saber onde se sentar, até ser puxado um sofá para perto dos dois homens a fim de acomodá-la.
"A presidente da Comissão estava claramente surpresa", disse o porta-voz do órgão executivo da UE, Eric Mamer. "Ursula deveria ter sentado em um lugar exatamente igual aos do presidente do Conselho e do presidente turco", completou.
O episódio já está sendo chamado de "sofagate" e provocou reações indignadas em Bruxelas, onde foi interpretado como uma afronta da parte da Turquia.
O governo turco não comentou o episódio. No entanto, uma deputada holandesa do Parlamento Europeu, Sophie in 't Veld, questionou por que Michel não reagiu na hora.
Embora a Comissão tenha confirmado a irritação de Von der Leyen, um alto funcionário europeu, que não quis ser identificado, disse que sua reação poderia ter provocado um "incidente formal e político, tanto com a Turquia quanto com o Conselho Europeu".
Ele, no entanto, disse que não foi intenção da Turquia desrespeitar Von der Leyen, e que tanto ela quanto Michel foram recebidos com cortesia. Em março do ano passado, três cadeiras - e não apenas duas - foram disponibilizadas quando o líder turco visitou Bruxelas para conversas com os chefes da Comissão e do Conselho Europeu, que representam, coletivamente, os 27 Estados-membros do bloco.
Diante do episódio, disse Mamer, Von der Leyen preferiu "priorizar o conteúdo da visita em relação à quebra do protocolo". Porém, ela instruiu sua equipe a iniciar "contatos apropriados para garantir que um incidente como este não ocorra no futuro", de acordo com Mamer.
"Primeiro, se retiraram da Convenção de Istambul e agora deixam a presidente da Comissão Europeia sem assento em uma visita oficial. Vergonhoso", escreveu nesta quarta-feira a deputada espanhola Iratxe García Pérez, líder da bancada social-democrata no Parlamento Europeu.
A relação entre Bruxelas e Ancara tem sido tensa desde que uma tentativa de golpe de Estado, em 2016, desencadeou uma repressão aos direitos civis na Turquia. Os atritos entre os dois lados também puderam ser vistos no dia 25 de março, quando Von der Leyen criticou o país por sua saída da convenção global de prevenção da violência contra mulheres e crianças.
Apesar disso, há uma reaproximação sendo feita com cautela. Na visita de terça, Von der Leyen e Michel ofereceram a Erdogan benefícios econômicos, incluindo ajuda para a integração dos refugiados sírios na Turquia, em troca de uma "atitude construtiva" nas disputas com a Grécia por reservas de gás no Mediterrâneo e na questão dos direitos humanos.
A Turquia iniciou negociações na década passada para se tornar membro da UE, mas elas estão estancadas.
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