O presidente da Conferência Episcopal Argentina (CEA) e bispo de San Isidro, Oscar Ojea, exigiu nesta segunda-feira (11) que o economista libertário Javier Milei, candidato à presidência da Argentina pela coalizão A Liberdade Avança, mostre mais "respeito" pelo papa Francisco. Segundo Ojea, o pontífice tem sido alvo de “ataques injustificados”, "insultos irreproduzíveis" e "falsidades" proferidos por Milei.
Foi devido a esses “ataques” que padres argentinos realizaram na última terça-feira (5) uma “missa de desagravo”, na qual criticaram indiretamente o candidato libertário, afirmando posteriormente por meio de um comunicado que “é de se perguntar se alguém com esse distúrbio emocional, que não consegue encontrar alguém que pensa diferente sem gritar ou insultar, consegue suportar as tensões do cargo público a que aspira”.
As declarações proferidas por Ojea nesta segunda-feira foram veiculadas pelo jornal argentino La Prensa. Nelas, o bispo também manifestou sua profunda preocupação com o atual "clima de autodestruição" que, segundo ele, permeia a Argentina.
"Neste momento de desesperança e decepção causados pelo aumento da pobreza em nosso país, preocupa-me muito que tenha surgido um clima de autodestruição. Um desejo de que tudo se desmorone e caia no vazio. Isso se assemelha a uma doença social, que anula qualquer perspectiva e projeto para o futuro. Uma espécie de autoboicote", disse ele.
Sobre as outras críticas direcionadas ao papa Francisco, Ojea afirmou que o pontífice tem sido frequentemente “maltratado pela mídia” e que isso tem contribuído para limitar a “disseminação de sua mensagem e pensamento”. Ele afirmou que o papa Francisco é considerado "um profeta da dignidade humana em um tempo de violência e exclusão" para os católicos e também um chefe de Estado que merece um “respeito especial”.
Nas declarações, Ojea também alegou que a Igreja Católica argentina “não endossa nem critica candidatos específicos”, pois sua missão principal é a “pastoral e a promoção dos princípios do Evangelho”. Ele afirmou ainda que o direito ao voto é “um ato de enorme responsabilidade” e que o vencedor das eleições deve ser guiado sempre pela “vontade popular”.