Projeções para a eleição do Parlamento Europeu mostram grandes avanços de partidos de direita neste domingo (9). Na França, o partido Reunião Nacional do candidato Jordan Bardella e da liderança de direita Marine Le Pen, obteve ao menos 31,5% dos votos e o presidente Emmanuel Macron, do partido Renaissance, convocou inesperadamente eleições parlamentares antecipadas devido ao sucesso do opositor no pleito europeu.
Macron afirmou que a ascensão de "nacionalistas" seria perigosa para a França e para a Europa. Ele anunciou que a nova votação será em dois turnos, nas datas de 30 de junho e 7 de julho.
"Os partidos de extrema direita, que nos últimos anos se opuseram a muitos avanços alcançados pela Europa, como o relançamento econômico, a proteção comum das nossas fronteiras, o apoio aos nossos agricultores e o apoio à Ucrânia, estão a progredir em todo o continente", disse Macron, que emendou, segundo a agência EFE:
"Para mim, que sempre considerei que uma Europa forte, unida e independente é boa para a França, é uma situação com a qual não consigo me contentar, de demagogos. É um perigo para a nossa nação, mas também para a nossa Europa e para o lugar da França na Europa e no mundo".
A União Europeia está realizando eleições para renovar as 720 cadeiras de seu Parlamento. Cada país realiza eleições locais, onde os cidadãos votam nos partidos nacionais. Uma vez eleitos esses parlamentares se juntam a um dos sete partidos transnacionais da União Europeia.
As eleições europeias ocorrem a cada cinco anos e estão em sua décima edição. Entre os 27 países do bloco, aproximadamente 360 milhões eleitores estão habilitados para votar.
As primeiras projeções baseadas em pesquisas apontam que a direita também avançou na Alemanha e na Áustria.
Marine Le Pen celebrou a decisão de Macron de convocar eleições legislativas na França. "Essa votação histórica mostra que quando as pessoas votam, elas vencem", afirmou. "Estamos prontos para assumir o poder se a França confiar em nos nas eleições nacionais", disse.
Uma sondagem realizada a noite deste domingo pelo Parlamento Europeu, segundo a Reuters, mostra uma mudança clara para a direita, com projeção de vitória para o Partido Popular Europeu, de centro-direita, e os grupos que eles chamam de extrema-direita.
O Partido Popular Europeu é o maior do Parlamento Europeu, dominado pelos democratas-cristãos alemães, com um bom número de poloneses e romenos. Segundo projeções baseadas em pesquisas (que ainda precisam ser confirmadas), o partido, conhecido pela sigla EPP, obteve 191 cadeiras no parlamento. Ele segue como o maior partido do Parlamento da União Europeia, mas longe de atingir o 361 representantes para poder formar maioria. O EPP engloba partidos conservadores e de democracia cristã. Ele inclui o premier polonês Donald Tusk.
Mais à direita que o EPP estão os partidos ECR (Conservadores e Reformistas), que deve eleger 71 parlamentares e ID (Identidade e Democracia), que pode ficar com 57 assentos.
Juntos, os três partidos de direita não conseguiriam formar uma coalizão com maioria suficiente para governar. Mas a atual coalizão do EPP com o S&D (Socialistas e Democratas), que deve eleger 135 eurodeputados, e com o Renovar Europa (de Macron), que terá 83 assentos, pode formar maioria.
O Renovar Europa, partido liberal e pró-União Europeia, perdeu 19 eurodeputados em relação à legislatura anterior. Mas quem sofreu o maior golpe das urnas foi o Partido Verde, deve eleger 53 deputados (19 a menos que na legislatura anterior). Analistas dizem que os verdes perderam prestígio por tentar impor uma agenda de transição energética que acabou prejudicada pela alta dos preços da energia causados pela invasão da Rússia à Ucrânia.
Os partido Esquerda deve eleger 35 deputados, os grupos de não alinhados e independentes têm projeção para chegar juntos a 95 representantes.