O presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, abalado por uma onda de protestos populares, deixou o país nesta sexta-feira (14). O premiê Mohammed Ghannouchi afirmou que assumiu interinamente o governo e prometeu cumprir a constituição.
Mais cedo, o governo havia decretado estado de emergência em todo o país, com toque de recolher entre 18h e 6h, acompanhado da proibição de reuniões na via pública e autorização às forças da ordem de disparar contra qualquer "suspeito" que resistir às ordens.
O presidente havia destituído o governo e convocado eleições antecipadas num prazo de seis meses, depois de semanas de protestos que deixaram dezenas de mortos, segundo a agência oficial TAP.
O presidente enfrentava a pior onda de protestos em seus 23 anos de governo e havia dito que não iria concorrer novamente ao cargo quando seu mandato terminasse, em 2014.
Milhares de pessoas saíram às ruas da capital da Tunísia, Túnis, e outras cidades do país para pedir a saída dele, apesar do discurso que ele fez na véspera na tentativa de diminuir a tensão em seu país.
Na capital, os manifestantes marcharam pela principal avenida da cidade, sem a intervenção da polícia. A princípio eram dezenas, depois centenas, mas o número foi aumentando.
Há relatos de que a polícia atirou para dispersar manifestantes.
O presidente também havia determinado que as forças de segurança parassem de usar armas de fogo contra manifestantes, e prometido que os preços do açúcar, do leite e do pão seriam reduzidos.
Os distúrbios continuavam se espalhando pelo país norte-africano, chegando inclusive ao centro da capital.
Dois jovens morreram baleados em confrontos com a polícia em Sliman, cerca de 40 quilômetros ao sul de Túnis, disseram testemunhas à Reuters. No centro de Túnis, pelo menos cinco pessoas ficaram feridas a tiros.
Os manifestantes dizem protestar contra o desemprego, a corrupção e a repressão governamental. Autoridades afirmam que uma minoria violenta se apossou das manifestações para tentar prejudicar o país.
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