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conflito étnico

Presidente da Turquia diz que paz com curdos é “impossível” e aumenta tensão

Curdos protestam em Beirute, no Líbano: grupo étnico quer criação de Estado autônomo que abrangeria parte do território turco | Wael Hamzeh / EFE
Curdos protestam em Beirute, no Líbano: grupo étnico quer criação de Estado autônomo que abrangeria parte do território turco (Foto: Wael Hamzeh / EFE)

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, deu ontem uma clara indicação de que está disposto a encerrar o processo de paz com os curdos, iniciado há três anos. Depois de a força áerea turca bombardear posições dos curdos que enfrentam o grupo radical Estado Islâmico (EI) nos últimos dias, Erdogan disse ontem que “não é possível” para seu governo “continuar o processo de paz” com o grupo étnico, espalhado por vários países da região.

“Não é possível para nós continuar o processo de paz com aqueles que ameaçam nossa unidade.”

Recep Erdogan,presidente da Turquia, sobre os curdos.

A Turquia lançou negociações com os curdos em 2012 para tentar acabar com uma insurgência do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). O partido é considerado uma organização terrorista pelo governo turco e os conflitos deixaram 40 mil mortos desde 1984, principalmente no sudeste do país.

Os curdos, cujas milícias vêm enfrentando o EI e as forças leais ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, reivindicam a criação de um Estado autônomo que abrangeria parte do território turco. A etnia ainda está espalhada por países como Síria, Iraque e Armênia.

“Não é possível para nós continuar o processo de paz com aqueles que ameaçam nossa unidade nacional”, disse Erdogan ontem em entrevista coletiva na capital Ancara, antes de partir para uma visita oficial à China. O presidente fez um apelo ao parlamento turco para que retire a imunidade judicial de políticos ligados a “grupos terroristas”.

Após o pronunciamento de Erdogan, o porta-voz do partido governista AK, Besir Atalay, tentou minimizar a declaração. Ele disse que o processo de paz pode continuar caso “elementos terroristas” abaixem suas armas e deixem o país. “Não podemos dizer que o processo de paz está de fato encerrado. No momento, há uma estagnação nesse mecanismo, mas ele pode recomeçar de onde parou caso surjam essas intenções”, disse Atalay.

Nos últimos dias, militantes curdos atacaram policiais e soldados turcos como retaliação a um ataque suicida realizado pelo EI que deixou 32 mortos na semana passada. Os curdos acusam Erdogan de apoiar o EI, que ocupa regiões estratégicas do Iraque e da Síria.

Nos últimos três dias, aviões turcos bombardearam campos do PKK na Síria e no Iraque, mas o PKK não anunciou a retirada das negociações de paz. Os curdos avaliam que, ao reavivar o conflito aberto com o PKK, Erdogan busca elevar o sentimento nacionalista e minar o apoio ao partido de oposição pró-curdo HDP antes de uma possível eleição antecipada no país.

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