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Presidente da Ucrânia dissolve o Parlamento

Kiev – O presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, dissolveu ontem o Parlamento e convocou novas eleições para o dia 27 de maio. A decisão é um novo desdobramento do confronto entre o presidente e seu maior rival, o primeiro-ministro Viktor Yanukovych, o mesmo adversário que Yushchenko teve de derrotar durante a Revolução Laranja, nos últimos meses de 2004.

Mas o Parlamento, em sessão extraordinária, decidiu não acatar a dissolução e prometeu continuar se reunindo. O ministro da Justiça, Oleksandr Lavrynovych, disse que o Parlamento não iria "cumprir uma lei que contraria a Constituição".

O impasse dividiu novamente o país. Ontem, duas passeatas, uma a favor, outra contra o presidente, reuniram 70 mil manifestantes nas ruas da capital Kiev. Partidários de Yanukovych montaram um acampamento próximo ao Parlamento para pressionar Yushchenko.

A crise começou quando o partido de Yanukovych ganhou as eleições parlamentares em 2006. A derrota do presidente ucraniano, um aliado do Ocidente, foi reflexo do pessimismo da população com a Revolução Laranja, que não conseguiu conter a corrupção estatal e a inflação, e esfriou o crescimento econômico do país.

Yanukovych, aliado da Rússia, acabou sendo nomeado primeiro-ministro em agosto e, desde então, tem feito de tudo para expandir a sua maioria no Parlamento.

Há um mês, a situação se agravou quando 11 parlamentares debandaram do partido do governo para o do premier. A Constituição ucraniana só permite o crescimento de uma coalizão através da adesão de partidos, e não de deputados individualmente.

Caso o partido do primeiro-ministro – que já teria 255 parlamentares – chegue a 300 deputados, Yanukovych teria poder para passar por cima de qualquer veto presidencial e realizar mudanças na Constituição. Para evitar que seu rival se tornasse o homem mais poderoso do país, o presidente ucraniano resolveu dissolver o Parlamento, acusando o rival de tentar usurpar o poder e de aliciar deputados da base governista.

Yanukovych pediu a Yushchenko que anule seu decreto sobre a dissolução do Parlamento e se sente à mesa de negociações, durante reunião de emergência de seu gabinete, que seria realizada na madrugada de hoje. "O presidente tem uma possibilidade de tomar medidas, visando a não permitir uma desestabilização da Ucrânia. Em primeiro lugar, ele não pode publicar este decreto e não entrará em vigor", afirmou Yanukovych, em discurso transmitido ao vivo pela tevê.

"Os que tentarem alterar a ordem serão punidos", disse Yushchenko. "A fonte de instabilidade é hoje o presidente da Ucrânia", respondeu Yanukovych. Mais uma vez, o destino do país será decidido pelos manifestantes de bandeiras laranjas, partidários do presidente, e os de bandeiras azuis, fiéis ao primeiro-ministro.

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