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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky| Foto: EFE

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu nesta sexta-feira ao Ocidente que não alimente o pânico sobre um eventual ataque iminente da Rússia, uma vez que está sendo criada a sensação de que há tanques nas ruas do país e as pessoas estão fugindo, quando não é esse o caso.

Esse apelo para que haja informações equilibradas sobre a atual tensão na fronteira - onde a Rússia já acumula mais de 100.000 soldados russos - também foi transferida diretamente ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, segundo disse Zelensky em entrevista coletiva hoje com a mídia estrangeira.

"Conversamos com o presidente, conversamos sobre isso. Achamos que deve haver uma abordagem equilibrada. Não estou dizendo que esteja influenciando a mídia americana, eles são independentes, mas a política da mídia tem que ser equilibrada. Se querem saber qual é a situação, podem vir a Kiev", enfatizou o presidente ucraniano.

"Temos tanques nas ruas? Não. Mas essa é a sensação se você não estiver aqui. A imagem criada pela mídia de que temos tropas nas estradas, temos mobilização, as pessoas estão saindo? Não é assim. Não precisamos desse pânico", completou.

O presidente dos EUA disse ontem a Zelensky que há uma "clara possibilidade" de que a Rússia invada a Ucrânia em fevereiro, enquanto a Casa Branca negou informações da emissora "CNN", que citou uma fonte oficial ucraniana segundo a qual Biden havia dito a seu homólogo que estava praticamente confirmado que a Rússia invadirá a Ucrânia uma vez que o solo esteja congelado e que poderia "saquear" Kiev.

Nesse sentido, Zelensky disse que ele é o presidente da Ucrânia e é ele quem está no país e, portanto, conhece "os detalhes melhor do que qualquer outro presidente".

"Não discordamos do presidente Biden. Só que sei profundamente o que está acontecendo em meu país, assim como ele sabe profundamente o que está acontecendo nos Estados Unidos", ressaltou.

Além disso, reiterou que Kiev "não vê uma escalada maior do que antes", referindo-se ao envio de soldados russos na fronteira com a Ucrânia em abril de 2021 para a realização de manobras militares.

"Claro que não vemos uma escalada maior do que antes. Sim, o número de soldados aumentou, mas já falei sobre isso no início de 2021, quando a Rússia fez os exercícios militares", lembrou o presidente ucraniano.

"Não acho que a situação seja mais intensa do que era então. No auge, no início de 2021, foi muito intensa, mas não havia uma cobertura da mídia tão forte quanto agora", comentou.

De qualquer forma, Zelensky destacou que não quer dizer com isso que "uma escalada está excluída".

"Estamos falando sobre isso há oito anos", quando explodiu o conflito armado entre o exército ucraniano e separatistas pró-Rússia em Donbass e a Rússia anexou a península da Crimeia, detalhou.

"A escalada já aconteceu. Infelizmente, parte de nossos territórios estão temporariamente ocupados" pela Rússia, salientou.

O presidente ucraniano frisou ainda que este "pânico" tem impacto na economia.

"Eu disse ao presidente Biden - e acho que os Estados Unidos apoiam - que comecei a conversar com os líderes sobre a necessidade de estabilizar a economia de nosso país após esses sinais de que amanhã haverá uma guerra", explicou.

"Porque esses sinais foram enviados até por líderes de países respeitados. Às vezes eles nem usam linguagem diplomática e dizem 'amanhã haverá guerra' e isso significa pânico no mercado, pânico no setor financeiro", lamentou.

Zelensky lembrou que em 2021 o PIB ucraniano registrou um "recorde" e conseguiu US$ 6,5 bilhões em novos investimentos, mas, após o início dos relatos da mídia de um ataque russo imediato, US$ 2,5 bilhões em investimentos foram retirados do país.

Isso significa que a Ucrânia terá de recorrer à reserva nacional para estabilizar sua moeda. "É o preço que pagamos por uma política de informação desequilibrada", criticou.

Vários países concordaram em apoiar economicamente a Ucrânia, segundo disse Zelensky, uma vez que Kiev terá que gastar entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões na estabilização do país.

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