Irritado com a cobertura negativa da imprensa, o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, está assumindo os horários noturnos para fazer transmissões pró-governo, que lembram as do venezuelano Hugo Chávez.

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O governo Zelaya determinou que os canais nacionais de rádio e TV transmitam dez dos seus programas a partir da noite de segunda-feira, o que alarmou os defensores da liberdade de expressão no país centro-americano.

A Anarh, entidade nacional da mídia, disse que a ocupação das transmissões é "um ataque à liberdade de pensamento do tipo empregado em países governados por regimes totalitários".

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Zelaya, que está no poder desde janeiro de 2006, acusa a imprensa hondurenha de exagerar nas críticas e diz que as notícias negativas são ruins para o clima de negócios no país.

Ex-magnata da madeira, o presidente já enfrentou greves de professores e renúncia de ministros, e se voltou contra jornalistas devido a reportagens sobre corrupção.

No programa de segunda-feira, o primeiro em dez noites consecutivas, Zelaya disse que os quatro principais jornais do país conseguiram não cobrir os êxitos do governo e não lhe dar direito de resposta às críticas.

"Quando se publica algo contra o governo, que representa o povo, acho que pelo menos por polidez o direito de resposta deve existir, e aqui ele não existe, eles nos negam esse direito", disse ele.

Embora Zelaya não seja ideologicamente tão extremo quanto Chávez, o hondurenho também disparou alarmes neste ano ao assumir o controle de armazéns de petróleo de empresas estrangeiras.

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Chávez é famoso por seus frequentes discursos pela TV. Nesta semana, ele fechou a principal emissora de oposição do país, a RCTV, e a substituiu por um canal estatal para promover seus programas socialistas.

Zelaya disse que seus programas de duas horas, com início às 22h, cobrirão o dia-a-dia do governo e questões como energia, telecomunicações, segurança e pobreza.

"Esta é uma violação da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão neste país", disse Elan Reyes, presidente do Colégio Hondurenho de Jornalistas.

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