O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, tem participado de reuniões secretas com autoridades do Taleban na expectativa de persuadi-los a reconciliar-se com o governo, informou ontem o jornal The New York Times, citando autoridades afegãs e ocidentais que não foram identificadas.
O porta-voz do presidente afegão, Aimal Faizi confirmou os contatos com Taleban. "Os últimos dois meses foram muito positivos. As partes foram incentivadas pela postura do presidente sobre o acordo bilateral de segurança e seus discursos posteriores", disse. Ele classificou esta negociação como a "mais séria" com o Taleban desde que a guerra começou.
Autoridades disseram ao jornal, por outro lado, que as conversas iniciadas pelo Taleban foram frustrantes até agora, apesar de que poderiam explicar o aumento na hostilidade em público de Karzai contra Washington.
Em novembro, aproximadamente na mesma época em que as conversas teriam começado, Karzai anunciou sua intenção de evitar a assinatura de um acordo bilateral de segurança com os Estados Unidos até depois da eleição presidencial em abril. Karzai já está em seu segundo mandato e não pode assumir um novo.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, frustrado com a recusa de Karzai em assinar um acordo, deve se reunir com altos comandantes na Casa Branca para discutir o futuro da missão norte-americana no Afeganistão. Um deles é o general Joseph Dunford, responsável pelas forças internacionais no Afeganistão.
Islamabad
O governo paquistanês e o Taleban também haviam anunciado negociações para um acordo de paz, mas as conversas foram adiadas antes mesmo de ter início. Isso porque o governo insiste em ter mais informações sobre os negociadores apontados pelo TTP (Tehrik-i-Taleban Pakistan, o Taleban paquistanês). Os representantes da insurgência se disseram "decepcionados" com a nova exigência. O chefe das negociações pelo lado Taleban, Sami ul-Haq, deixou Islamabad com sua equipe sem se encontrar com o governo.