O presidente do Chile, Sebastián Piñera, no domingo, negou ter participado ou tido qualquer informação sobre o processo de venda do megaprojeto de mineração Dominga, operação para a qual foi acusado de evasão na investigação jornalística intitulada Pandora's Papers.
"É reiterado que o presidente da República não participa da administração de nenhuma empresa há mais de 12 anos, antes de assumir o seu primeiro mandato (em março de 2010)", destacou o gabinete do presidente em nota oficial.
A última investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) aponta que a família Piñera Morel é a maior acionista do controverso projeto de mineração Dominga, que ele vendeu para seu amigo e empresário Carlos Alberto Délano em um negócio que ocorreu em parte nas Ilhas Virgens Britânicas.
"Os fatos acima mencionados já foram investigados pelo Ministério Público e pelos Tribunais de Justiça durante 2017, e o Ministério Público recomendou o arquivamento do caso devido à inexistência de um crime e à falta de participação do presidente", argumenta o gabinete.
De acordo com o comunicado, nem o presidente nem sua família agora possuem empresas de investimento constituídas no exterior, embora no passado possuíssem companhias domiciliadas no Chile que "eram acionistas de empresas no exterior".
"A existência e participação nessas empresas foi relatada desde o início às autoridades reguladoras, cumprindo integralmente a lei e pagando todos e cada um dos impostos que eram exigidos para tais investimentos no Chile", acrescentou La Moneda, a sede presidencial.
Segundo o ICIJ, Piñera e sua família foram os principais acionistas da Dominga até 2010, quando o presidente esteve no cargo por nove meses em seu primeiro mandato e a venda de toda a participação acionária da empresa a Délano por US$ 152 milhões foi realizada.
Uma parte da transação foi selada com uma escritura assinada no Chile por $14 milhões e outra nas Ilhas Virgens Britânicas por $138 milhões, de acordo com o portal "Ciper", a mídia chilena que colaborou com o consórcio na investigação.
No paraíso fiscal, foi assinado um contrato que estabelecia um pagamento em três parcelas e, para que a última fosse cumprida, não tinha que haver mudanças regulatórias que impedissem a instalação da mina e seu porto.