Uma operação contra a corrupção no Equador resultou na prisão do presidente do Conselho Judiciário do país, Wilman Terán, e na abertura de processos criminais contra outras 30 pessoas, que inclui juízes, procuradores, policiais, advogados e criminosos, nesta quinta-feira (14). Eles são suspeitos de integrar uma estrutura criminosa ligada ao tráfico de drogas que teria se infiltrado no sistema judiciário, penitenciário e policial do país sul-americano.
A procuradora-geral do Equador, Diana Salazar, anunciou que irá apresentar uma queixa por suposto crime organizado contra os investigados no caso chamado de ‘Metástase’, pela extensão da aparente conspiração de corrupção nos diferentes níveis do Estado.
A operação que levou a prisão de Terán envolveu mais de 75 buscas domiciliares em sete das 24 províncias do país e a mobilização de mais de 900 pessoas, incluindo procuradores e policiais. Terán negou as acusações e disse que se trata de uma “perseguição para destruir a carreira judiciária e desestabilizar a Justiça e a democracia”.
A operação ocorre em meio a fortes tensões sobre a permanência de Terán no cargo, depois que o Conselho de Participação Cidadã e Controle Social (CPCCS) o nomeou em fevereiro e o Tribunal Nacional de Justiça lhe retirou a confiança em agosto. Paralelamente, parlamentares ligados ao correismo tentam promover na Assembleia Nacional do Equador um julgamento político para destituir a procuradora-geral Salazar, após ela ter tramitado em anos anteriores a acusação que levou à desqualificação e à pena de oito anos de prisão por suborno que pesam contra o ex-presidente Rafael Correa (2007-2017).
Salazar explicou que esta investigação envolvendo Terán deriva do assassinato na prisão, em 2022, de Leandro Norero, apontado como um dos maiores traficantes de drogas do Equador. Desse acontecimento “surgiram indícios de uma estrutura criminosa inserida em todos os níveis do Estado e diretamente ligada ao tráfico de drogas”, afirmou a procuradora-geral.
“Líderes da estrutura criminosa obtiveram dinheiro com atividades ilegais e localizaram funcionários corruptos que executavam os seus processos para obter vantagens indevidas em um sistema consumido pelo câncer da corrupção”, acrescentou ela.
Salazar considerou que "o caso ‘Metástase’ é uma clara radiografia de como o tráfico de droga se apoderou das instituições do Estado equatoriano, para através de dinheiro ilícito operar a partir de órgãos judiciais e políticos e conseguir a impunidade em alguns casos".
Entre os outros detidos nesta quinta-feira estão o ex-juiz criminal Ronald Guerrero e o general de polícia reformado Pablo Ramírez, que foi diretor do sistema penitenciário nacional e posteriormente diretor da unidade antinarcóticos da polícia do Equador. (Com Agência EFE)
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura