“Não creio que houve golpe de Estado ou sequestro do presidente. Há suficiente evidência de que ninguém decidiu tomar o poder.” César Montúfar, líder da oposição equatoriana| Foto: Santiago Armas/AFP

Outro lado

Oposição acusa Rafael Correa de ter provocado revolta

A oposição equatoriana responsabilizou o presidente Rafael Correa pela revolta policial da quinta-feira passada, no momento em que o governo denuncia o "silêncio cúmplice" dos opositores. O líder opositor Gilmar Gutiérrez, que segundo Correa é um dos cabeças da "tentativa de golpe", afirmou que "o responsável pelo massacre se chama Rafael Correa". Gutiérrez, irmão do ex-presidente Lucio Gutiérrez, se referia aos dez mortos e 274 feridos na rebelião da semana passada. Gilmar Gutiérrez afirmou que o que ocorreu na quinta-feira passada foi uma "greve policial" que degenerou em conflito porque Correa decidiu "desafiar" os agentes que protestavam ao discursar em um quartel de Quito.

Outro líder da oposição, César Montúfar, estimou que a lei que reduziu benefícios dos policiais foi o "estopim da crise". "Não creio que houve golpe de Estado ou sequestro do presidente. Há suficiente evidência de que ninguém decidiu tomar o poder e que enquanto esteve no Hospital da Polícia, Correa pôde atuar, conversar, dar ordens e decretar o estado de emergência...".

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O governo do Equador adotou on­­tem várias medidas contra suspeitos de envolvimento no motim de policiais durante o qual o presidente Rafael Correa ficou isolado em um hospital por várias ho­­ras. No total, sete pessoas morreram e 200 ficaram feridas na confusão. O ministro do Interior, Gustavo Jalkh, informou que entre as ações tomadas como resultado da rebelião está a retirada das armas da unidade de motociclistas da polícia. Além disso, os homens do Regimento Quito foram redistribuídos em várias unidades, "co­­mo medida preventiva". "Vários oficiais tiveram alteradas suas responsabilidades: já não comandam grupos", disse Jalkh. Tam­­bém foram abertos "processos administrativos por má conduta em tribunais de disciplina", se­­gundo ele.

O procurador-geral do Equa­­dor, Washington Pesántez, afirmou que os policiais amotinados "serão punidos conforme o código penal comum, esse é um delito não policial, é um delito comum".

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A Lei do Serviço Público, que provocou o motim dos policiais na semana passada, entrou em vigência ontem. Junto a essa lei, também entraram em vigência o Código de Ordenamento Terri­­torial e a Lei de Educação Supe­­rior, a qual provocou protestos de estudantes e professores universitários.

Na quinta-feira, policiais do principal quartel da cidade, o Re­­gimento Quito, agrediram o presidente quando este tentou encerrar o protesto contra a lei que re­­duz os benefícios trabalhistas e pagamentos de bônus a policiais, militares e outras categorias de funcionários públicos. Após so­­frer uma agressão, Correa foi retirado para um hospital policial próximo, onde permaneceu confinado durante várias horas, até militares leais tomarem a instalação e, em meio a um tiroteio, retirarem o líder.

A ministra de coordenação de política econômica, Katiusha King, disse que a administração do presidente Correa não planeja ne­­nhuma mudança nas suas políticas econômicas, e ao contrário, irá aprofundar as mudanças radicais que estão em curso. "O objetivo das reformas é a justiça social, por isso ocorrerão mudanças rápidas, profundas e radicais", disse King.