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O presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, viajou nesta segunda-feira aos Estados Unidos para se submeter a tratamento médico, um dia depois de um discurso em que pediu perdão a seus compatriotas.

"O presidente Saleh viajou para os Estados Unidos para continuar seu tratamento" dos graves ferimentos causados pela "agressão criminosa" de junho contra o palácio presidencial, que já custou a ele três meses de hospitalização na Arábia Saudita, anunciou a agência oficial iemenita Saba.

A Casa Branca considerou que a viagem aos Estados Unidos do presidente do Iêmen por razões médicas facilitará a transição política nesse país, mas negou querer influenciar no rumo dos fatos.

"O pedido de Saleh de viajar aos Estados Unidos para receber cuidados médicos foi aprovado e o objetivo desta viagem é somente dessa assistência e esperamos que permaneça um tempo limitado que corresponda à duração de seu tratamento", declarou o porta-voz da presidência, Jay Carney.

"Ao mesmo tempo, pensamos que sua ausência no Iêmen neste momento crucial ajudará a facilitar uma transição que colocará fim a seu mandato, e no final das contas terá um impacto positivo sobre os direitos e a dignidade dos iemenitas", acrescentou Carney durante uma coletiva de imprensa.

Sua partida coincide com uma onda de protestos nas Forças Armadas. Soldados e oficiais das bases aéreas de Sanaa e Adén, a principal cidade do sul, organizaram protestos para reivindicar a saída do general Mohamed Saleh al-Ahmar, comandante da Aeronáutica e meio-irmão do chefe de Estado, informaram autoridades militares.

Acusado de corrupção e nepotismo e sufocado por um movimento popular desde janeiro do ano passado, Saleh, de 69 anos, aceitou ceder o poder em virtude de um acordo de transição política concluída dia 23 de novembro em Riad em troca de imunidade para ele e sua família.

Em um discurso de despedida, Saleh pediu "perdão" a seus compatriotas por todos os erros cometidos desde que assumiu o poder, há 33 anos.

"Viajarei para os Estados Unidos para receber cuidados médicos e voltarei a Sanaa como presidente do Congresso Popular Geral", o partido atualmente no poder, declarou na mensagem.

O ainda presidente destacou que havia "confiado todas (as suas) prerrogativas ao vice-presidente", Abd Rabbo Mansur Hadi, que em virtude do acordo de Riad assumirá como novo chefe de Estado no dia 21 de fevereiro.

O discurso de Saleh não convenceu os milhares de jovens que há quase um ano acampam em Sanaa para reivindicar sua saída.

"Tememos que se trate de uma nova manobra de Saleh", afirmou à AFP Walid Amari, do movimento "Jovens da Revolução".

"Continuaremos nossos protestos e não comemoraremos sua partida. É a data de 21 de fevereiro que será decisiva para a história do Iêmen", acrescentou.

Ao mesmo tempo em que acontecia a votação no Parlamento da imunidade para o presidente, milhares de pessoas se manifestaram no domingo para exigir que levem Saleh à justiça, cujo regime causou centenas de mortos ao reprimir as manifestações opositoras.

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