O presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, vai retornar dentro de alguns dias da Arábia Saudita, onde está fazendo tratamento médico, disse o líder interino do país na segunda-feira, enquanto milhares de pessoas festejavam o que esperam que seja uma nova era sem ele.

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Diplomatas e analistas acham que a estadia de Saleh na Arábia Saudita, onde ele passou por cirurgia pelos ferimentos causados por estilhaços de bombas devido a um ataque a seu palácio na sexta-feira, pode ser prolongada, na medida em que Riad, peso pesado político regional, procura mediar um acordo para a transição do poder, visando evitar a implosão do país vizinho.

As pressões internacionais se intensificam sobre todas as partes para que encontrem uma maneira de encerrar os enfrentamentos que estão levando o Iêmen para a beira da guerra civil. O receio é que o país se torne um Estado falido que abriga uma ala da Al-Qaeda e faz fronteira com a Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo.

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A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, defendeu na segunda-feira uma transição política imediata no Iêmen e não quis comentar se Saleh deveria voltar ao país.

"Estamos pedindo uma transição pacífica e em ordem", disse Hillary aos repórteres. "Sentimos que uma transição imediata é do interesse do povo iemenita."

Uma trégua mediada pela Arábia Saudita se mantinha em Sanaa, após duas semanas de combates entre as forças de Saleh e um grupo tribal poderoso, nas quais mais de 200 pessoas foram mortas e milhares fugiram.

Mas houve novos combates em Taiz, cidade do sul do país, onde a ONU informou estar investigando relatos segundo os quais até 50 pessoas foram mortas na última semana.

Uma coalizão de partidos oposicionistas, que se uniu aos meses de protestos de rua reivindicando o fim do governo de três décadas de Saleh, disse que é a favor da transferência do poder ao vice-presidente, Abu-Rabbu Mansour Hadi, que está exercendo a função de líder interino.

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De acordo com a agência estatal de notícias Saba, Hadi afirmou que a saúde de Saleh está melhorando e que "ele voltará ao país nos próximos dias".Sem apoio

Saleh, de 69 anos, se feriu na sexta-feira quando um foguete atingiu seu palácio em Sanaa, matando sete pessoas e ferindo autoridades e assessores. Ele está sendo tratado em um hospital de Riad.

Mas um diplomata na região disse: "Acho que nem os sauditas nem seu povo querem que ele retorne. Ele não tem apoio regional".

Os iemenitas vêm aguardando para saber se Saleh vai assinar um acordo de transição mediado pelo Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), que ele vem rejeitando até agora.

Em um comunicado conjunto, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e os primeiros-ministros da Grã-Bretanha, Espanha e Itália agradeceram a Arábia Saudita por receber Saleh para tratamento médico e pediram que todas as partes no Iêmen "encontrem uma maneira de se reconciliar, com base na iniciativa do CCG".

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O Conselho de Cooperação do Golfo, liderado pela Arábia Saudita, vem exortando todas as partes a buscar o fim da violência e disse que continua seus esforços para negociar um pacto para a transferência do poder.

O Iêmen, que tem 60% de sua economia baseada no petróleo, sofreu um golpe pesado com o fechamento de um oleoduto. De acordo com fontes comerciais, o fechamento vem provocando falta de combustível.

Manifestantes jovens, interpretando a ausência de Saleh como sendo potencialmente permanente, continuaram a festejar em Sanaa, onde vêm promovendo protestos contra o governo desde janeiro.

Sobrevivente político, Saleh vem desafiando os chamados globais para renunciar ao poder e sobreviveu à deserção de generais de alto escalão, ministros e embaixadores que deixaram o governo depois de tropas terem matado muitos manifestantes, em março. Mais de 450 pessoas já foram mortas na turbulência que desde janeiro abala o país de 23 milhões de habitantes.

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