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Ahmadinejad com apoiadores do governo, em Teerã: convite a Obama para um debate sobre as grandes problemas mundiais | Atta Kenare/AFP
Ahmadinejad com apoiadores do governo, em Teerã: convite a Obama para um debate sobre as grandes problemas mundiais| Foto: Atta Kenare/AFP

Programa Nuclear

Agência da ONU vai retomar negociações

Agência Reuters

As conversações com o Irã para retomar um plano de troca de material nuclear por combustível poderão começar em alguns meses, afirmou ontem o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, e há alguns sinais positivos dos países envolvidos. O Irã acabou desistindo de um plano preliminar selado pela agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) e pelas potências mundiais em outubro, segundo o qual enviaria 1,2 tonelada de seu estoque de urânio pouco enriquecido (LEU) ao exterior em troca de combustível para um reator com finalidades médicas. Teerã demonstrou interesse renovado no acordo em maio, após negociações com Turquiae Brasil. O Irã garantiu que pararia de enriquecer urânioa uma pureza de 20 por cento, se as potências mundiais concordassem com a troca de combustível.

Teerã - O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, propôs ontem um diálogo cara a cara e de ho­­mem para homem com seu colega americano, Ba­­rack Obama, para falar de questões mundiais. "Tenho que viajar em setembro a Nova York para participar da Assembleia- Geral das Nações Unidas. Estou disposto a me sentar com Oba­­ma, cara a cara, de homem para homem, para falar livremente sobre questões mundiais, ante os meios de comunicação, para encontrar uma me­­lhor solução", afirmou Ahma­­dinejad em um discurso transmitido pela televisão estatal. Ahma­­dinejad é aguardado na As­­sembleia-Geral das Nações Unidas, no próximo mês, em Nova York. O presidente iraniano tinha desafiado Obama a manter um debate público com ele sobre questões caras à comunidade internacional. Em várias ocasiões, ele culpou os Estados Unidos de "desordens globais", particularmente pela crise fi­­nanceira mundial.

Seu clamor, ontem, ocorre depois de uma série de sanções punitivas impostas ao Irã pelo Conselho de Segurança da ONU e pela União Europeia sobre o controverso programa nuclear de Teerã. Ahmadinejad criticou Obama por ter perdido o que chamou de "oportunidades históricas" para reparar as relações com o Irã, país com o qual os Estados Unidos não têm laços diplomáticos diretos há mais de 30 anos. "Ele (Obama) disse querer fazer mudanças e nós saudamos (esta atitude). Infelizmente, ele não explorou corretamente as oportunidades históricas", disse o líder radical, acrescentando que Obama "supervaloriza os sionistas".

Em março de 2009, Obama estendeu a mão da diplomacia ao Irã, na tentativa de por um fim ao beco sem saída em que se encontravam as negociações en­­tre os dois países, mas desde en­­tão, a animosidade entre ambos só fez piorar. Assim como os Es­­tados Unidos, Israel não descarta um ataque militar ao Irã para deter seu programa nuclear. Ah­­madinejad, sob cuja presidência o Irã recebeu quatro pa­­cotes de sanções por parte das Nações Unidas, permanece firme em sua decisão de desenvolver um programa de enriquecimento de urânio, o que Wa­­shing­­­ton e ou­­tras potências mundiais querem que Teerã abandone.

O Irã alega que não enriquece urânio com objetivos militares, mas civis. Sob o governo de Ahmadinejad, a animosidade entre Irã e Israel também aumentou dramaticamente, e as potências mundiais o censuraram for suas frequentes falas contra a Israel.

Diante de uma plateia animada, Ahmadinejad criticou Oba­­ma e as potências ocidentais por apoiarem Israel, a única potência nuclear não declarada do Oriente Médio. "Vocês apoiam um país que tem centenas de bombas atômicas e dizem ‘temos que deter o Irã’, que vocês dizem poder ter a bomba algum dia. Vocês estão se depreciando diante do mundo", afirmou.

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