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Presidente do Irã é recebido com beijo e repreensão no Egito

O presidente iraniado é recebido por uma multidão no Cairo, durante visita ao Egito considerada histórica | REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
O presidente iraniado é recebido por uma multidão no Cairo, durante visita ao Egito considerada histórica (Foto: REUTERS/Amr Abdallah Dalsh)

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, foi recebido com um beijo e uma repreensão ao iniciar nesta terça-feira (5) a primeira visita de um mandatário iraniano ao Egito desde a Revolução Islâmica de 1979.

A viagem deveria salientar a aproximação entre os dois países desde que o político islâmico Mohamed Mursi foi eleito presidente do Egito, em junho, mas ela acabou por revelar também profundas diferenças teológicas e geopolíticas.

Mursi recebeu Ahmadinejad no aeroporto do Cairo com um beijo no rosto, com tapete vermelho e honras militares. Ahmadinejad parecia radiante ao cumprimentar autoridades presentes.

Mas o presidente iraniano xiita recebeu mais tarde uma dura repreensão de um influente acadêmico durante visita à histórica universidade e mesquita al-Azhar, milenar reduto do saber sunita.

O xeique Ahmed al-Tayeb, diretor da entidade, pediu ao governo xiita do Irã que deixe de interferir em países árabes do golfo Pérsico e que reconheça o Barein como uma "nação árabe irmã", segundo nota da al-Azhar.

Ahmadinejad foi ao Cairo para participar de uma cúpula islâmica que começa na quarta-feira e disse numa entrevista coletiva que sua viagem poderá servir de "um novo ponto de partida nas relações entre nós".

Essa visita seria impensável durante os 30 anos do regime de Hosni Mubarak, que tinha apoio dos militares e aproximou o Egito do Ocidente e de Israel. Mubarak foi derrubado em 2011 por uma revolução popular que abriu espaço para a eleição de Mursi, ligado à Irmandade Muçulmana.

Analistas, no entanto, duvidam que o novo cenário no Egito leve a um restabelecimento pleno das relações diplomáticas rompidas desde 1980, ano seguinte à revolução islâmica iraniana e a um tratado de paz egípcio com Israel.

O clérigo egípcio Hassan al-Shafai, que acompanhou Ahmadinejad na entrevista, disse que a visita à al-Azhar revelou profundas divergências teológicas.

"Houve alguns mal entendidos a respeito de certas questões que poderiam ter um efeito sobre o clima cultural, político e social de ambos os países", disse Shafai. "As questões eram tais que o grão-xeique (al-Tayeb) considerou que a reunião ... não serviu ao propósito desejado."

"A geografia política da região vai mudar se Irã e Egito adotarem uma posição unificada a respeito da questão palestina", disse Ahmadinejad em entrevista à TV libanesa Al Mayadeen na véspera da viagem.

Ele disse também que, se puder, pretende visitar a Faixa de Gaza, território palestino que fica entre o Egito e Israel e que é governado pelo movimento islâmico Hamas.

O Egito vê com preocupação o apoio do Irã ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, que enfrenta uma rebelião armada. O governo de Mursi também está interessado em preservar as boas relações com países árabes do golfo Pérsico, que prestam assistência financeira ao Egito e veem o Irã com grande desconfiança.

Outra prioridade do Cairo é não irritar os Estados Unidos, que oferecem uma ajuda financeira de 1,3 bilhão de dólares por ano aos militares egípcios.

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