Autoridades do Nepal prenderam Kailash Sirohiya, presidente do Kantipur Media Group (KMG), o maior grupo de mídia local, depois da publicação de reportagens denunciando um membro do Executivo do país asiático.
Reportagens da imprensa local apontam que na última terça-feira (21) quatro policiais à paisana entraram na sede do KMG na capital nepalesa, Katmandu, e prenderam Sirohiya, cumprindo um mandado de prisão pela acusação de possuir múltiplas cidadanias, o que violaria a Lei de Cidadania de 2006 do Nepal.
Segundo a organização internacional Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ), a denúncia contra o empresário foi apresentada por um integrante do partido do vice-primeiro-ministro e ministro do Interior do Nepal, Rabi Lamichhane, acusado em reportagens de veículos do KMG de estar envolvido em apropriação indébita de fundos cooperativos quando trabalhou como diretor administrativo da Gorkha Media Network.
Sirohiya nega qualquer irregularidade e diz que sua prisão é uma “chantagem” para calar os órgãos de imprensa do seu grupo.
“A prisão do presidente do Kantipur Media Group, Kailash Sirohiya, em seu local de trabalho, parece ser uma ação para amordaçar as reportagens críticas do maior grupo de mídia do Nepal”, disse o diretor de programas do CPJ, Carlos Martinez de la Serna, em comunicado. “Apelamos às autoridades nepalesas para que garantam que o Kantipur Media Group possa trabalhar livremente e sem medo de represálias.”
Mais de 30 editores dos principais meios de comunicação nepaleses assinaram uma carta conjunta que foi enviada ao primeiro-ministro Pushpa Kamal Dahal, na qual afirmaram que a prisão de Sirohiya tem “a intenção de criar pressão e medo [dentro] da imprensa”.
Nesta segunda-feira (27), a Justiça do Nepal estendeu até quarta-feira (29) a prisão preventiva de Sirohiya.