O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, não renunciará, afirmou seu porta-voz na segunda-feira (11), dia em que a coalizão governista preparava o lançamento de um processo de impeachment contra o líder do país, fiel aliado dos EUA.
Ex-chefe das Forças Armadas, Musharraf encontra-se, desde o final do ano passado, no centro de uma crise política que gerou temores de instabilidade nesse país armado com bombas nucleares e postado na linha de frente da campanha liderada pelos norte-americanos contra militantes islâmicos.
Uma coalizão governista liderada pelo partido da primeira-ministra assassinada Benazir Bhutto anunciou na quinta-feira que iria iniciar um processo de impeachment contra Musharraf acusando-o de, em seus nove anos à frente do poder, levar o país a uma situação caótica tanto em termos políticos quanto econômicos.
Parlamentares pró-governo aprovaram na segunda-feira, na assembléia de Punjab (a maior Província do país), uma resolução afirmando que Musharraf havia perdido a confiança do povo e que deveria renunciar sob pena de ser tirado do cargo.
Resoluções semelhantes devem ser aprovadas nas outras três assembléias provinciais do Paquistão, nesta semana, antes de uma moção de impeachment ser apresentada à Assembléia Nacional ainda neste mês.
Analistas dizem que um prazo de várias semanas pode transcorrer antes de a moção ser votada pelas duas casas do Parlamento, que realizam esse processo de forma conjunta.
Nos meios de comunicação, circularam boatos sobre a possibilidade de Musharraf renunciar para não ser tirado do cargo, mas o porta-voz dele, o major-general da reserva Rashid Qureshi, rejeitou essa hipótese de forma categórica.
"De jeito nenhum. É melhor você perguntar de novo aos que disseram que ele renunciaria", disse Qureshi.
Musharraf tomou o poder em 1999, por meio de um golpe, e um dos principais envolvidos nos esforços para derrubá-lo agora é Nawaz Sharif, premiê do Paquistão naquele ano e chefe do segundo maior partido da coalizão governista.
Nunca antes um presidente paquistanês viu-se privado do cargo por meio de um processo de impeachment, mas analistas afirmam que isso deve ocorrer agora se Musharraf não ceder.
A mais recente crise política a atingir o Paquistão não afetou sua nota junto à agência Moody, que, na segunda-feira, informou a manutenção da avaliação B2 (panorama estável) para o país, já que essa nota abarcaria de forma satisfatória os riscos políticos existentes atualmente.
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