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Membros do Congresso assistem ao discurso do advogado do presidente, Alberto Borea. | ERNESTO BENAVIDESAFP
Membros do Congresso assistem ao discurso do advogado do presidente, Alberto Borea.| Foto: ERNESTO BENAVIDESAFP

Os peruanos acordaram cedo nesta quinta-feira (21) para acompanhar a sessão do Congresso que decide a moção de vacância do cargo do presidente Pedro Pablo Kuczynski, 79, acusado de receber propina da construtora brasileira Odebrecht. 

Na porta da casa do mandatário, era possível observar a entrada e saída de membros da cúpula do governo já a partir das 7h (horário local). Eles fizeram rápidas visitas para apresentar apoio e discutir estratégias de defesa. 

PPK, como é conhecido, chegou ao Congresso por volta das 9h10 (11h10 em Brasília), acompanhado de seu advogado e de seus dois vice-presidentes, Martín Vizcarra e Mercedes Araóz. 

Na bancada de visitantes do parlamento, desde cedo estava sua mulher, Nancy Lange, ao lado do irmão do presidente. Na quarta-feira (20), Lange havia saído em defesa do marido, dizendo que "talvez ele tenha confiado demais em pessoas que não eram de plena confiança". 

Nas ruas ao redor do Congresso, contidos por cordões policiais, havia manifestantes de ambos os lados desta disputa. 

Apoiadores do presidente usavam camisetas da seleção nacional ou do partido do mandatário (Peruanos Por el Kambio), enquanto gritavam "sigue, sigue, PPK" (continue, PPK) e "Yo Creo en Ti" (eu acredito em você). 

"Não somos a Venezuela, o Peru é uma democracia estável e vamos defender nosso presidente", disse o comerciante Roberto Mejía, que desde cedo esperava a passagem da comitiva presidencial. 

Outros manifestantes, porém, empunhavam cartazes que diziam "Chega de Corrupção", e "que se vayan todos" (que todos saiam). 

"Não pode ser que um presidente que roubou e mentiu siga exercendo o cargo. Ele pode até pedir desculpas, como está fazendo, mas estaríamos abrindo um terrível precedente de deixássemos que ele fique", afirmou a dona-de-casa Luz Montes. 

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Defesa

Às 9h40 (11h40), PPK começou seu discurso de defesa. "Hoje me apresento diante desse parlamento e de todos os peruanos para demonstrar minha inocência, olhando em seus olhos." 

PPK disse que trabalhou como consultor de empresas em várias oportunidades, mas que isso nunca foi feito enquanto ocupava cargos públicos _foi ministro durante a gestão de Alejandro Toledo (2001-2006), e assumiu a Presidência em julho de 2016. 

"Quando ocupei funções públicas, minha empresa, Westfield, não foi comandada por mim, eu passei a gestão da mesma ao sr. Gerardo Sepúlveda. Nunca vi os documentos que relacionam a Odebrecht à Westfield, esse vínculo foi feito por meio do sr. Sepúlveda." 

Enquanto falava, PPK mostrava os contratos relacionando as duas empresas num telão. Neles, aparecia a assinatura. "Vocês veem que não é a minha, quem assina é o sr. Sepúlveda". 

Pediu desculpas por não ter "colocado empenho antes em explicar as atividades de minha empresa, mas isso não faz de mim um corrupto". 

PPK descreveu a distância que tomou, quando foi eleito presidente, com relação à Westfield como "uma verdadeira muralha". E acrescentou: "sou proprietário da empresa e não seu gestor, segundo a lei isso não está proibido. E nunca soube de nenhum vínculo ilícito entre minha empresa e a Odebrecht." 

O mandatário afirmou que o pedido de moção se deve a uma estratégia política, "não está em jogo minha permanência no cargo, e sim a sustentabilidade da democracia peruana. Não apoiem essa vacância que não tem sustento".

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