O chefe de gabinete do governo interino do Quirguistão, que assumiu o poder após o presidente Kurmanbek Bakiev deixar a capital, acusou ontem o presidente de levar consigo todo o dinheiro do país, segundo reportagem divulgada pela rede americana CNN.
"Os cofres do Estado estão quase vazios", disse Edil Baisalov à CNN, acrescentando que apenas o equivalente a 16 milhões de euros (R$ 38 milhões) foram deixados na conta bancária do país.
"Alguns recursos foram transferidos para algum lugar, e é por isso que estamos congelando o sistema bancário, esperando que os bancos controlados pelo ex-presidente Bakiev possam tentar tirar os recursos do país", disse à rede CNN.
O presidente deposto do Quirguistão, Kurmanbek Bakiyev, reiterou que não renunciará ao cargo, apesar de a oposição já ter assumido o controle do país, e que está disposto a negociar com o governo interino liderado pela ex-ministra de Relações Exteriores Roza Otunbayeva.
O novo procurador-geral do governo autoproclamado, Baitemir Ibrayev, afirmou à imprensa que um processo criminal foi aberto contra Maxim, filho de Bakiyev, e Zhanybek e Marat, irmãos do presidente.
"Nós temos evidência testemunhal de que estas pessoas receberam ordens para atirar contra civis", disse Ibrayev.
Em entrevista exclusiva à France Presse, Bakiyev garantiu que não pretende deixar o país nem o cargo de presidente. Ele está refugiado entre partidários no sul do país, em Jalalabad, no Vale de Fergana, região entre o Usbequistão, o Quirguistão e o Tajiquistão.
A líder interina do país, Roza Otunbayeva, descartou negociar com o ex-líder. "No sul, os partidários de Bakiyev estão fazendo de tudo para levar as antigas autoridades de volta ao poder. Nós, em Bishkek, estamos tentando deixar a situação sob controle", afirmou
Os protestos desta semana deixaram pelo menos 76 mortos e mais de mil feridos.