Díli O presidente do Timor Leste, Xanana Gusmão, e o primeiro-ministro, Mari Alkatiri, travaram uma dura queda-de-braço pelo poder e levaram ontem milhares de manifestantes às ruas de Díli. Timor vive uma onda de violência há três meses que coloca em risco o futuro do país, que se tornou independente em 2002.
Gusmão anunciou quinta-feira sua intenção de renunciar se o primeiro-ministro não deixar seu cargo. O presidente diz que o premier é responsável pela violência e o caos, que se agravaram nas últimas semanas. Ontem, Gusmão teria voltado atrás, mas manteve pressão pela renúncia de Alkatiri.
Em resposta, o povo da capital timorense saiu às ruas em apoio a Gusmão, um ex-guerrilheiro separatista muito respeitado. Os manifestantes chegaram a Díli em caminhões e ônibus e se juntaram às cerca de 700 pessoas que dormiram na noite passada em frente ao palácio de governo, exigindo a saída de Alkatiri.
"O presidente não deve renunciar", afirmou Agosto Junio, um dos organizadores da manifestação. Além disso, os manifestantes distribuíram panfletos dizendo que o premier é um "terrorista, um criminoso". Eles gritavam em frente ao palácio de governo, xingando de "oportunistas" os membros do Fretilin, o partido no poder liderado por Alkatiri, que estavam chegando ao local ontem. Alkatiri disse que não pedirá sua demissão, para não agravar ainda mais a situação.
Onda de violência
O Timor Leste mergulhou no caos no fim de maio após a decisão do premier de demitir 600 soldados, quase a metade do Exército, que se queixavam de discriminação étnica. Agora, tropas estrangeiras garantem a segurança no país, que foi colônia portuguesa durante quatro séculos e que, desde sua independência, da Indonésia, em 2002, conta com uma importante ajuda econômica de Lisboa.
Ontem, helicópteros australianos patrulharam Díli, acompanhando com atenção os manifestantes, que se dispersaram tranquilamente diante da incerteza sobre as intenções de Gusmão e Alkatiri.
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