O presidente interino do Egito, Adly Mansour, anunciou neste domingo (26) a antecipação das eleições presidenciais, que acontecerão antes das parlamentares, diferente do previsto, e advertiu que tomará "medidas excepcionais" para restaurar a segurança "se a situação requerer".
"Decidi emendar o roteiro para realizar as eleições presidenciais primeiro, seguidas pelas parlamentares", disse Mansour em discurso transmitido à nação.
O presidente - que ocupa a chefia de Estado desde a destituição do islamita Mohammed Mursi em um golpe militar em julho - acrescentou que deu instruções à Comissão Eleitoral Suprema para iniciar os preparativos e que se abra a inscrição de candidatos ao pleito.
O chefe das Forças Armadas, o general Abdel Fatah al Sisi, é considerado o grande favorito para essas eleições, embora ainda não tenha anunciado oficialmente se concorrerá.
Mansour lançou também a clara advertência que "não duvidará" em tomar medidas "excepcionais e extraordinárias" para devolver a segurança e a estabilidade a seu país frente à ameaça terrorista.
No entanto, não detalhou a que medidas fazia alusão e se limitou a anunciar que deu ordens ao presidente do Tribunal de Apelações do Cairo de habilitar tribunais adicionais para processar rapidamente os acusados por terrorismo.
Da mesma forma, instou a Procuradoria Geral a revisar os casos dos milhares de detidos nos últimos meses, especialmente dos estudantes universitários detidos nos protestos nos campus, para que sejam postos em liberdade os que não estejam envolvidos em atos criminosos.
"A História demonstrou que o Egito já derrotou o terrorismo nos anos 90 do século passado, e agora voltaremos a combatê-lo sem misericórdia nem compaixão", declarou.
Mansour insistiu que o Estado utilizará todos os meios necessários para combater os terroristas, em aparente referência à Irmandade Muçulmana, catalogada no final do ano passado como organização terrorista pelo governo.
O presidente interino fez o discurso por ocasião do terceiro aniversário da revolução que desbancou do poder Hosni Mubarak em 2011, uma celebração que ontem se tingiu de sangue com a morte de 49 pessoas em choques em diferentes províncias do país.