O presidente eleito na Guatemala, Bernardo Arévalo de León, entrou com um recurso na justiça nesta segunda-feira (18), solicitando a demissão da procuradora-geral do país, Consuelo Porras, do promotor Rafael Curruchiche, e a remoção do juiz Orellana, envolvidos nas investigações contra seu partido, o Movimento Semilla.
Arévalo já havia apelado na semana passada para que a chefe da Procuradoria deixasse o cargo, sob a acusação de que ela e outros integrantes do governo estariam orquestrando um golpe de Estado contra sua futura gestão, que enfrenta uma série de investigações do Ministério Público antes da data de posse, em 14 de janeiro do próximo ano.
"Recorremos à lei para defender os direitos que nos assistem", afirmou o eleito, acompanhado por centenas de seguidores com bandeiras da Guatemala em frente à sede da Suprema Corte, onde apresentou o recurso.
Arévalo também disse que solicitou à justiça "que torne sem efeito a ação de investigação do Sétimo Tribunal" contra seu partido, o Semilla, que, segundo ele, é "um processo feito em conluio com os promotores".
No final de agosto, o Tribunal Supremo Eleitoral da Guatemala suspendeu o partido Semilla, do presidente eleito Bernardo Arévalo, após um pedido da Promotoria-Geral do país, que encontrou irregularidades na formação do grupo partidário.
Segundo as autoridades do Ministério Público, uma das pessoas arroladas no documento para a abertura do partido disse que teve sua assinatura falsificada. Além disso, a denúncia diz que o nome de outras 12 pessoas falecidas também constava no papel.
Com isso, uma operação de busca e apreensão foi realizada no dia 12 de setembro pelo Centro de Operações do Processo Eleitoral (Cope) e no Tribunal Supremo Eleitoral da Guatemala (TSE), onde estão as cédulas de votação das eleições gerais do primeiro turno, realizadas em 25 de junho.
A operação, solicitada por Porras e autorizada pelo juiz Fredy Orellana, teve como objetivo principal a revisão e abertura de 160 urnas eleitorais contendo os votos dos cidadãos. Durante a ação, os procuradores removeram as cédulas e, seguindo a orientação de um diretor eleitoral do TSE, conduziram uma nova contagem de votos específicos.
A busca e apreensão realizada pelo Ministério Público contra o Cope gerou uma onda de críticas da comunidade internacional, incluindo dos Estados Unidos, da União Europeia e da Organização dos Estados Americanos (OEA).
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