O presidente da França, Nicolas Sarkozy, teria usado os serviços de inteligência e espionagem de seu governo para investigar a vida privada de personalidades políticas de oposição. A acusação foi feita ontem pelo jornal Le Monde e não inocenta o ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, das acusações de violência sexual em Nova York. No entanto, lança mais dúvidas sobre a legalidade das práticas políticas do Palácio do Eliseu, que estimulam as teorias da conspiração cogitadas no país.
Segundo a reportagem, casos de violação de privacidade são sistemáticos ao menos desde 2002, ano em que Sarkozy assumiu o Ministério do Interior, ao qual estão subordinados os aparelhos secretos. Um deles, o serviço de Informações Gerais (RG), hoje fundido à Direção Central de Informação Interior, teria arquivado informações sobre Strauss-Kahn e outros políticos.
Uma dessas informações foi "vazada" ao Le Monde por informantes do Palácio do Eliseu "há alguns meses", segundo o diário. Tratava-se de um documento redigido em 2007 pelo serviço de espionagem sobre a noite em que o ex-diretor-gerente do FMI teria sido flagrado pela polícia, em seu automóvel, mantendo relações sexuais com uma prostituta em um parque nos arredores de Paris.
As relações entre o Palácio do Eliseu e os serviços secretos estão por trás do ceticismo dos franceses em relação ao caso Strauss-Kahn. Uma pesquisa de opinião indicou que 57% dos franceses acreditam na hipótese de complô contra o diretor do FMI, destinado a eliminar o favorito da corrida presidencial de 2012.
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