O Parlamento da Ucrânia designou ontem como presidente interino do país Oleksander Turchynov, chefe da Rada Suprema. Braço direito da ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko que foi libertada no sábado depois de passar 30 meses na prisão , ele fica no cargo até a eleição presidencial marcada para 25 de maio.
Turchynov prometeu recolocar o país no caminho da integração europeia, após a deposição do presidente pró-Moscou Viktor Yanukovich. Enquanto isso, os Estados Unidos alertaram a Rússia para que não envie suas forças contra o país.
Primeiro-ministro até sábado, Turchynov disse que a nova liderança do país quer manter relações de boa vizinhança com a Rússia, "que reconheçam e levem em conta a opção europeia da Ucrânia". Ele disse esperar que as próximas eleições, em maio, confirmem essa opção.
Um dia depois de Yanukovich fugir para o leste do país, de fala russa, e após dezenas de mortes durante protestos contra ele, o Parlamento nomeou o presidente da Casa, Turchynov, como chefe de Estado em exercício. Ele pretende empossar até amanhã um governo que comande o país até a eleição presidencial.
A nomeação de Turchynov foi aprovada por 285 dos 339 deputados presentes no plenário. Ele tem até a próxima terça-feira para formar um governo de unidade nacional, que será responsável por organizar as eleições e por tentar cicatrizar as feridas abertas pela crise política, que, desde novembro passado, deixou pelo menos 80 mortos e aprofundou ainda mais a divisão do país, que passa por uma grave situação financeira.
Libertação de Tymoshenko muda o panorama político
Folhapress
O panorama político da Ucrânia mudou radicalmente em 24 horas com a libertação da ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, que estava detida desde 2011. Ela é uma candidata de peso para a eleição presidencial antecipada para 25 de maio. Ao sair da prisão, a musa da Revolução Laranja de 2004 seguiu para a Praça da Independência e pediu aos "heróis" da Ucrânia que prossigam com o combate.
No sábado o Parlamento votou por sua libertação imediata. Pouco depois, os deputados votaram o que apresentaram como vazio de poder para justificar a destituição de fato do chefe de Estado e convocar eleições presidenciais antecipadas. Em discurso exibido pela TV no sábado, Yanukovich afirmou ser vítima de um golpe de Estado e que foi eleito de modo legítimo.
Segundo o presidente interino Oleksander Turchynov, Yanukovich, que tem paradeiro desconhecido, tentou fugir para a Rússia, mas a guarda de fronteira o impediu. Os agentes afirmaram que ele ofereceu suborno para tentar obter a permissão de voo.
"Yanukovich foi nocauteado", disse um dos líderes da oposição, o campeão mundial de boxe Vitali Klitschko, que pode ter um papel político importante nos próximos meses.
G20
Apesar da crise do país estar na agenda da reunião de ministros das Finanças do G20, ontem, em Sydney, o comunicado final não fez qualquer menção ao país. Jack Lew, secretário do Tesouro americano, no entanto, afirmou que os Estados Unidos e outros países estão dispostos a ajudar a Ucrânia "em seus esforços de voltar à democracia, estabilidade e crescimento". A comunidade internacional teme que a crise tenha aprofundado a divisão entre o leste, de língua russa e pró-Moscou, majoritário, e o oeste nacionalista de língua ucraniana.